Folha de S. Paulo


Mestrado usa computação e estatística para analisar fenômenos coletivos

Estudar um mundo cada vez mais complexo exige uma pós-graduação à altura.

No mestrado em modelagem de sistemas complexos da Universidade de São Paulo (USP), o aluno aprende a usar ferramentas de matemática, estatística e computação para simular fenômenos coletivos nas áreas de saúde, gestão, políticas públicas, ciências sociais e ambientais.

Um modo simples é imaginar uma cidade estruturada como um tabuleiro de xadrez, diz Flávia Sarti, professora e ex-coordenadora do curso.

"Você pode colocar várias pessoas no tabuleiro, atribuir uma característica residencial ou comercial a cada área, e aí vamos ver se conseguimos colocar as pessoas interagindo, se divertindo", diz ela. "Analisamos, por exemplo, se elas começam a praticar mais atividade física se eu aumentar o número de parques e ciclovias", explica.

Modalidade dos curso de pós-graduação

Assim, Lucas Almeida, 25, um dos alunos do programa, aplica técnicas de inteligência artificial para entender como diferentes fatores políticos afetam o desenvolvimento democrático de um país.

Seu colega Paulo França, 27, faz simulações computacionais para estudar como a confiança pode influenciar uma comunidade científica a aceitar ou negar uma teoria.

A interdisciplinaridade e a diversidade de formações são os pilares do curso, segundo o coordenador José Ricardo Mendonça. Criado no final de 2010, o mestrado foi o primeiro na área do Brasil.

"Os sistemas complexos são uma área inovadora porque vão contra a superespecialização do cientista. Temos professores e alunos de física, economia, ciências sociais, antropologia... Todos atacando o mesmo problema por perspectivas diferentes", afirma o mestrando França.

O programa é aberto a estudantes de todas as áreas. O coordenador recomenda, porém, que o interessado tenha um conhecimento básico de matemática e estatística para acompanhar o curso.

Dois processos seletivos são organizados por ano, com 25 vagas cada um.

Como se trata de um mestrado novo e num campo pouco divulgado, é comum sobrarem vagas. "Temos cerca de 15 a 20 inscritos por seleção, e cerca de dez aprovados", afirma Mendonça.

O mestrado é útil para profissionais que atuam nas áreas de políticas públicas, finanças, tecnologia da informação e consultorias.

EXCESSO DE DADOS

A Escola de Matemática Aplicada da FGV (Fundação Getulio Vargas), no Rio, criou, em 2011, o segundo curso de pós-graduação da área no país.

O mestrado acadêmico em modelagem matemática tem três grandes temas: ciência dos dados, análise de sistemas complexos (similar ao curso da USP) e modelos matemáticos para finanças e seguros, explica o coordenador Paulo Cezar Carvalho.

"Criamos o programa porque percebemos que usar modelos matemáticos para trabalhar com a profusão de dados que temos hoje em dia é uma necessidade das próximas décadas", afirma.

O processo seletivo acontece uma vez por ano e tem 15 vagas. O interessado não precisa ser matemático, mas deve saber métodos quantitativos. Por isso, parte dos candidatos é encaminhada para um curso de verão de "nivelamento" em matemática e computação, diz Carvalho. A aprovação no mestrado depende do sucesso nessas aulas.

Ao contrário do programa da USP, o da FGV é pago. O valor da mensalidade para quem trabalha é de R$ 1.500. Mestrandos que se dediquem integralmente à pesquisa podem conseguir bolsas.

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ONDE FAZER

MESTRADO EM MODELAGEM DE SISTEMAS COMPLEXOS (USP)
CUSTO gratuito
DURAÇÃO até 30 meses
TEMAS fundamentos de sistemas complexos e ciências sociais e ambientais aplicadas
INSCRIÇÕES de maio a junho e de outubro a novembro

MESTRADO ACADÊMICO EM MODELAGEM MATEMÁTICA (FGV-RIO)
CUSTO R$ 33.120 (oferece bolsas)
DURAÇÃO 24 meses
TEMAS ciência dos dados, análise de sistemas complexos e modelos matemáticos para finanças e seguros
INSCRIÇÕES a partir de setembro


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