Folha de S. Paulo


Escolha de especialização deve seguir plano de carreira

O economista Eduardo Andrade, 46, queria dar o próximo passo na carreira. Então, largou o cargo em uma fábrica de produtos lácteos, onde gerenciava as vendas e marketing de uma linha de produtos, e viajou aos EUA para fazer um MBA no Boston College.

"Analisei meu currículo e percebi que me faltavam três coisas importantes para continuar na carreira executiva: experiência internacional, conhecimentos técnicos na área de negócios e maior fluência em inglês", explica Andrade.

A duração do curso de pós também foi um critério importante na hora de selecionar as possibilidades. "Não queria ficar muito tempo fora do mercado e escolhi um curso concentrado em um ano", diz o economista.

Modalidade dos curso de pós-graduação

Escolher a especialização com base em um plano claro de carreira é essencial para não perder tempo –e possivelmente muito dinheiro– com um curso que fará pouca diferença no currículo.

"Ninguém é automaticamente promovido ou contratado porque fez uma pós", diz Rafael Souto, diretor da Produtive, consultoria de recrutamento e recolocação profissional.

"A pessoa deve se perguntar aonde quer chegar e planejar o que é preciso para alcançar o objetivo", afirma.

Para Andrade, a opção foi vantajosa. Quatro meses depois do início do MBA, em 1997, ele participou de um evento de recrutamento da universidade e saiu com um contrato para trabalhar na General Motors, assim que retornasse ao Brasil.

Hoje, ele é diretor da Unidade de Negócios de Pneus de Passeio da Goodyear –e continua a estudar.

"Recentemente, fiz um curso de desenvolvimento de executivos na Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, juntamente com outros colegas da empresa."

TEMPOS DIFÍCEIS

Já o atuário Delvo Sabino, 41, tem visto pouca utilidade para seu MBA em gestão financeira e atuária na busca por um novo emprego.

Ele foi demitido há quatro meses do cargo de superintendente de produtos em uma seguradora.

"Comecei a ouvir que sou qualificado demais. Então passei a me candidatar para vagas abaixo da minha qualificação. Mas só considero aquelas em que vejo potencial para me recuperar depois", diz Sabino.

"As empresas buscam pessoas especializadas, desde que elas estejam sujeitas a ganhar menos", reclama.

Para auxiliar na escolha, algumas empresas criaram programas de mentoria.

A Netshoes, loja on-line de itens esportivos, subsidia entre 50% e 70% do curso de pós, definido segundo o desempenho do funcionário.

Para se candidatar, é preciso ter ao menos um ano de casa e escolher programas relacionados aos objetivos da empresa ou do setor em que trabalha.

"Nossa intenção é ajudar o funcionário a entender o que ele quer aprender, onde quer chegar, se quer mudar de área, o que acha que está faltando para migrar, e, ao final, indicamos duas opções de cursos", diz Sergio Povoa, diretor de RH da empresa.

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CARTAS NA MANGA

Como escolher a melhor formação

1. Plano de Carreira: Coloque no papel aonde quer chegar e qual área de atuação pretende seguir. Leve em conta seus interesses e histórico

2. Autoavaliação: Identifique habilidades que precisam ser aperfeiçoadas. A partir dessa lista, procure cursos com disciplinas na área

3. Grade Curricular: Ao pesquisar um curso, leve em conta se ele mistura prática e teoria, se trará informações novas e se será útil no trabalho

4. Corpo docente: Procure os currículos dos docentes, veja onde trabalham e descubra se a área de atuação deles pode contribuir com sua carreira

5. Contatos: Descubra o perfil dos alunos matriculados –faixa etária, cargos e experiências. Colegas de classe podem virar contatos

6. Universidade: Escolha uma instituição bem avaliada. Mestrados e doutorados ganham notas da Capes; os cursos com nota acima de 5 estão entre os melhores

7. Carga horária: Fique atento às demandas. Alguns mestrados e doutorados exigem que o aluno dê aulas para a graduação. MBAs exigem muitos trabalhos em grupo


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