Folha de S. Paulo


Análise

Reorganização da rede falhou ao ignorar vínculos com escola

A intenção da Secretaria da Educação do Estado de São Paulo de melhorar a gestão escolar, como foi anunciada no episódio da reorganização, é importante, uma vez que ainda é preciso avançar muito nesse campo.

A escola pode voltar sua gestão às particularidades da juventude, se for de ensino médio, ou dos mais novos, se for do ensino fundamental.

Na primeira, o protagonismo juvenil é central para um bom projeto político-pedagógico, enquanto o envolvimento da família é determinante no segundo caso.

Isso aconteceu de forma exitosa em outros Estados e poderia ter sido uma boa experiência paulista também.

Entretanto, além do evidente problema de comunicação, o mais grave na proposta de reorganização foi a tentativa de fechar escolas, desconsiderando o vínculo dos jovens, das famílias e dos professores com esses espaços.

Grave também pois não se justifica diante dos 245 mil jovens de 15 a 17 anos fora da sala de aula no Estado, segundo a Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios ) 2014.

Nessa idade deveriam estar no ensino médio, responsabilidade do Estado. Grande parte deles está fora da escola porque ela não faz sentido em seu projeto de vida. Por isso o desafio é também o de melhorar a qualidade do ensino.

Espera-se do novo secretário, José Renato Nalini, que faça com que o diálogo se torne de fato um princípio da gestão estadual.

O movimento dos estudantes contra o fechamento das escolas trouxe à tona uma revalorização da escola pública, e esse protagonismo precisa ser valorizado, uma vez que não há solução para melhorar a educação que não passe pela mobilização dos jovens.

PRISCILA CRUZ é presidente-executiva do movimento Todos Pela Educação


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