Folha de S. Paulo


'Parece que você está vivendo uma guerra', diz testemunha de protesto

Manifestante e aluna do terceiro ano de uma escola pública da zona sul, Bárbara, 23, viu o início do confronto na praça da República. "O pessoal do ato depredou alguma coisa, e o que veio foi a repressão policial", disse.

Ela disse que uma bomba de gás lacrimogêneo caiu ao seu lado, mas que foi "socorrida" por moradores da região central, que ofereceram abrigo e também vinagre, para diminuir os efeitos do gás.

O corre-corre mexeu não apenas com PMs e manifestantes, mas com trabalhadores, moradores e qualquer outro que passava pelo centro.

O motorista de ônibus Manoel Lima, por exemplo, desceu do veículo assim que passou por uma barricada em chamas. "Saí do ônibus, falei pros mascarados que apoiava a manifestação, e ninguém mexeu comigo", disse.

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Num dos confrontos que se espalharam pelo centro, manifestantes depredaram carros na rua da Consolação e na avenida São Luís. Uma das vítimas foi uma garçonete de um restaurante na região.

"Comprei o carro há quatro meses e estou pagando. Sou favorável ao protesto, até fazer barricadas e enfrentar a PM, mas não quando estragam patrimônio privado, ainda mais de quem trabalha", disse Simone de Souza, 25.

No momento mais tenso do confronto, na praça da República, uma idosa caminhava em meio às bombas da PM e rojões dos manifestantes.

Aos gritos, funcionários do Metrô pediam que ela entrasse na estação para se proteger. A idosa se recusou.

"Não vou entrar, não. Estou revivendo meus velhos tempos", respondeu a idosa, enquanto bombas explodiam na praça. Ela não quis revelar seu nome à reportagem.

O artesão e montador de barracas Carlos "Peruano" disse que os manifestantes iniciaram a briga. "Tiraram ferros de barracas que estávamos montando para a feira de amanhã."

A bióloga Vera Pessoa, 60, estava de passagem na praça. "Me escondi do lado da PM. Parece que você está vivendo uma guerra."

Já o DJ Eugênio Lima, 47, conta que viu ao menos seis policiais perseguindo e agredindo três jovens. "Foi uma barbárie. Policiais invadiram um teatro público e agrediram jovens que estavam na rua".

Procurada, a PM diz que a intervenção foi "absolutamente necessária" ao fim do ato.


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