Folha de S. Paulo


'Vamos aprofundar o diálogo', diz Alckmin sobre recuo de fechamento de escolas

O governador Geraldo Alckmin (PSDB) afirmou que suspendeu a reorganização dos ciclos estudantis do Estado para "aprofundar o diálogo". O recuo do tucano ocorreu em meio a uma série de protestos, ocupações do colégios por estudantes e queda em sua popularidade.

Alckmin falou no Palácio dos Bandeirantes, sem a presença do secretário da Educação, Herman Voorwald. Os jornalistas também não puderam fazer perguntas ao governador.

"Nós entendemos que devemos aprofundar o diálogo, vamos dialogar escola por escola. Nós acreditamos nos benefícios da reorganização", disse Alckmin. O tucano afirmou que, no próximo ano, o governo vai discutir a reorganização com a comunidade escolar —pais, alunos e professores. Inicialmente, a medida seria implantada já em 2016.

O plano de reorganização das escolas, publicado em decreto, prevê que 754 escolas passem a ter apenas um ciclo de ensino no ano que vem (anos iniciais, finais do fundamental ou o médio). Segundo o plano, 92 escolas estaduais seriam fechadas.

Durante protesto nesta sexta no centro de São Paulo, houve uma chuva de bombas, na perseguição da Polícia Militar a manifestantes que bloqueavam ruas e avenidas da região.

Um dia antes, Alckmin já havia trocado o comando das negociações com os estudantes e convocado uma audiência pública na semana que vem para tentar pôr fim à onda de ocupações de colégios no Estado. Um total de 196 escolas do Estado estão ocupadas –de 5.127 unidades no Estado.

Também ontem, Ministério Público e Defensoria do Estado entraram na Justiça com uma ação civil pública para barrar a medida.

raio-x da rede estadual -

Estudantes afetados pelas mudanças -

Destino das 196 escolas ocupadas -

Matrículas na rede estadual, em milhões -

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POPULARIDADE EM QUEDA

A decisão de Alckmin ocorre no mesmo dia em que foi divulgada pesquisa Datafolha que aponta a pior popularidade do tucano.

Nesta rodada, a pesquisa abordou dois temas diretamente relacionados ao governo estadual que podem ajudar a explicar a queda de popularidade do governador: a crise de abastecimento de água e a decisão de fechamento de escolas públicas, com o consequente remanejamento de alunos.

Em relação à remodelação nas escolas, de cada dez eleitores, seis (61%) são contra as mudanças promovidas pelo governo; três (29%) são favoráveis. A discordância chega a 69% entre os mais jovens.

O Datafolha também coletou a opinião do eleitorado a respeito das ocupações de escolas por parte de estudantes. A maioria (55%) manifestou apoio aos protestos -que se espalharam e já atingem 196 colégios no Estado. Outros 40% foram contra.

Avaliação do governo Alckmin - Em %

A pesquisa foi feita antes da decisão dos alunos de levar os protestos para as ruas, com a obstrução de vias. Antes também, portanto, das cenas de policiais tentando desmobilizar as manifestações.

Num indicativo do impacto dessas medidas no dia a dia, um terço dos entrevistados afirmou que tem filho ou algum adolescente ou criança em casa matriculado na rede pública estadual de ensino. Entre os mais pobres (renda familiar mensal de até dois salários mínimos), a taxa vai a 45%.

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