Folha de S. Paulo


Sindicato deve ir à Justiça contra corte de bônus a docente de escola ocupada

A Apeoesp (sindicato dos professores) deve acionar a Justiça nos próximos dias contra a decisão do governo Geraldo Alckmin (PSDB) de cortar o bônus de todos os professores de escolas ocupadas que não conseguiram aplicar o Saresp neste ano.

A prova, prevista para ter sido feita por 1,3 milhão de estudantes do ensino estadual nos dias 24 e 25, baliza o desempenho das unidades e norteia o bônus que deve ser pago aos docentes em março de 2016.

Os sindicalistas são contra a decisão e afirmam que os professores não podem ser penalizados por não conseguirem aplicar a prova em colégios ocupados por estudantes. Segundo balanço da Secretaria do Estado da Educação, 174 escolas estavam ocupadas por estudantes na noite desta quarta (25) em protesto contra o fechamento de 92 unidades e reestruturação programada para 2016.

O anúncio do corte dos bônus foi feito por Herman Voorwald (Educação), em entrevista ao telejornal "SPTV", da Rede Globo. O sindicato vai definir se vai entrar na Justiça durante assembleia na tarde desta sexta-feira (27).

"É um absurdo tentar resolver um conflito criando outro. Com essa decisão, o secretário vai criar mais problema com professores e com a comunidade escolar", disse a presidente da Apeoesp, Maria Izabel Noronha.

Para ela, o secretário Herman Voorwald é culpado pelo início das ocupações e não pode transferir a culpa e prejudicar os professores. "Ele está provocando tudo isso de forma autoritária porque quis fazer uma mudança que os alunos, professores e pais não concordam. Quando há um conflito, o bom senso prega que não devemos aplicar nenhuma mudança", afirmou Noronha.

SARESP

As notas dos alunos do 5º ano do ensino fundamental subiram no ano passado nas escolas estaduais paulistas. Já as do ensino médio praticamente estacionaram em patamar abaixo do adequado. Os dados fazem parte dos resultados do Saresp de 2014, que teve participação de 1,3 milhão de alunos.

A melhoria mais acentuada apareceu entre os estudantes do 5º ano em matemática –média subiu 6,9 pontos em um ano (de 209,6 para 216,5). Já entre formandos do ensino médio, subiu apenas 1,7 ponto e chegou a 270,4.

Com o desempenho, o aluno da rede, na média, conclui o ensino médio com nível inferior ao adequado para alunos três anos mais jovens. Para o 9º ano do ensino fundamental, o adequado são 300 pontos. Ou seja, o formando no ensino médio não sabe, por exemplo, identificar a tendência de crescimento apresentada num gráfico.

A média em matemática no ensino médio é praticamente a mesma desde 2009. Já a do 5º ano sobe desde aquele ano. Em português, também houve avanço maior no 5º ano do que no ensino médio.

Editoria de arte/Folhapress

DESEMPENHO NO IDEB

A rede estadual de São Paulo teve a segunda melhor nota no ensino médio na avaliação nacional, o Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) 2013 –ainda que apenas cerca de 10% dos alunos apresentem o conhecimento adequado em matemática, segundo tabulação da ONG Todos pela Educação.

No ensino fundamental (anos iniciais), São Paulo teve aumento em seu desempenho –passando de 5,4, em 2011, para 5,7, em 2013. O Estado ficou em quarto lugar empatado com Santa Catarina. Já nos anos finais do ensino fundamental, teve uma ligeira melhora: 4,3 (2011) para 4,4 (2013).

O Ideb é um índice criado em 2007 pelo MEC (Ministério da Educação) para avaliar a qualidade das escolas e das redes de ensino. O resultado combina a taxa de aprovação escolar com o desempenho de estudantes em matemática e língua portuguesa.

A partir dos resultados, o governo estabelece metas de qualidade e acompanha o desenvolvimento das escolas, municípios e Estados em educação. O índice é divulgado a cada dois anos. O Ideb usa os resultados de duas avaliações do governo federal: o Saeb e a Prova Brasil. São exames complementares aplicados para estudantes do 5° ao 9° ano do ensino fundamental e do 3° ano do ensino médio de todo o país.

Ideb

FUGA DE DOCENTES

A rede estadual de ensino de São Paulo também vive neste ano uma saída recorde de professores. O corpo docente para as escolas públicas encolheu 11% em relação a 2014. A redução ocorreu tanto entre concursados (-6%) como entre não efetivos (-16%), segundo dados da Secretaria de Educação do governo Geraldo Alckmin (PSDB).

O Estado tem a maior rede de ensino do país, com 3,8 milhões de estudantes. A redução no número de professores é a maior pelo menos desde 1999, primeiro ano com dados disponíveis, tanto para o total de docentes quanto para os efetivos.

As informações foram tabuladas pela Folha com base em boletins da Secretaria da Educação e no portal da transparência estadual.

Infográfico: Mudanças na educação


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