Folha de S. Paulo


Estudantes invadem escolas estaduais em Campinas e Jundiaí

O movimento de estudantes contra mudanças nas escolas estaduais, iniciado há sete dias na capital paulista, começou a se estender pelo interior de São Paulo nesta terça-feira (17).

Ao menos duas unidades –uma em Campinas e outra em Jundiaí– foram tomadas em protesto contra a reorganização proposta pelo governo Geraldo Alckmin (PSDB) a partir de 2016.

Faixas e cartazes com frases contrárias à medida foram colocadas na frente das escolas. Os alunos pretendem dormir nas unidades nesta noite e a Polícia Militar deve garantir a segurança.

Em Jundiaí, o movimento acontece na escola Eloy de Miranda Chaves, na Vila Aparecida, próximo ao centro da cidade. Na unidade, são cerca de mil estudantes.

Já em Campinas, a invasão ocorre em uma das escolas mais tradicionais da cidade, a Carlos Gomes, na região central, ao lado da prefeitura. A escola, que já tem cerca de 1.300 alunos matriculados, deve receber a partir de 2016 mais 1.500. Por isso, os estudantes são contrários às mudanças, já que acreditam que as salas de aula ficarão superlotadas.

MUDANÇAS

A escola Carlos Gomes deixará de funcionar no período noturno, cancelando as aulas do ensino médio e do EJA (Educação para Jovens e Adultos), e os alunos do primeiro ciclo (primeiro ao quinto ano) serão transferidos para outra unidade.

Para a escola, migrarão alunos do segundo ciclo (sexto ao nono ano) do ensino fundamental e do ensino médio de outra unidade próxima.

Os alunos reivindicam o teto de 25 alunos por sala e a contratação de mais professores e funcionários. Além disso, querem a tolerância máxima de 15 minutos de atraso para o início das aulas.

A Secretaria da Educação nega que haverá superlotação das salas. A escola tem 23 salas de aula, além dos laboratórios. Só do ensino médio, por exemplo, serão cerca de mil alunos em um único período (manhã).

As aulas na escola foram suspensas nesta quarta (18) para uma reunião de conciliação entre a direção e os alunos. Segundo o dirigente regional de ensino, Nivaldo Vicente, se não houver acordo para a desocupação, a Secretaria da Educação poderá pedir a medida na Justiça.

Ele afirmou ainda que não será prestado nenhum tipo de apoio aos alunos acampados. "Não cabe à direção fomentar isso [invasão]. Vamos manter o abastecimento de água e os banheiros limpos apenas", disse.

A contadora Viviane Rodrigues, 38, afirmou que apoia a manifestação dos estudantes porque a reorganização trará mais complicações para ela, que tem dois filhos na escola e que a partir de 2016 ficarão separados.

"O governo só pensou neles para fazer as mudanças. Não pensou nos alunos e nos pais dos alunos. Vou ter que correr muito para pegar um filho aqui e o outro na outra escola", disse ela.

Já a agente comunitária de saúde Lilian Mari Pereira, 42, afirmou ser contra as mudanças porque acredita que as salas ficarão superlotadas. Ela tem um neto que estuda na unidade. "Tem mais coisas para serem melhoradas do que essa reorganização", disse.

Na escola de Jundiaí, os alunos do ensino médio terão que migrar para uma outra unidade, porque o prédio será destinado exclusivamente a estudantes do ensino fundamental. A Folha não conseguiu falar com os alunos nesta terça.


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