Folha de S. Paulo


Governo corta água, mas alunos dizem que vão passar noite em escola de SP

A gestão do governo Geraldo Alckmin (PSDB) cortou a água da escola estadual Fernão Dias Paes, em Pinheiros, na zona oeste de São Paulo, ocupada por cerca de cem estudantes desde o início da manhã desta terça-feira (10).

Eles protestam, desde às 6h, contra o fechamento de unidades para a reorganização da rede pública estadual. Às 19h50, os manifestantes bloquearam todas as faixas da avenida Pedroso de Moraes, endereço do colégio.

Mesmo sem água, os estudantes decidiram em assembleia que vão continuar no local até serem ouvidos por membros da secretaria estadual da Educação. Eles já colocaram colchões no local e começaram a preparar o jantar na cozinha da escola.

De acordo com a Polícia Militar, há ainda cinco adultos no local. Parte dos adolescentes e dos adultos não estudam ou trabalham na unidade.

No fim da tarde, a PM proibiu a entrada de alimentos e água na escola. O coronel que comanda a operação afirma que no colégio há nove caixas-d'água com 34 mil litros cada, além das merendas. Entretanto, os estudantes dizem que não têm água.

Segundo a Folha apurou, o abastecimento de água foi reestabelecido por volta das 19h, duas horas após o corte.

A proposta do governo é deixar todos os alunos saírem sem que eles sejam fichados. Nas últimas duas horas, a Folha presenciou ao menos dez estudantes deixando o colégio –alguns deles saíram após a chegada dos pais.

A assistente social Elza Mariana Belo, 53, tirou a filha Erica, de 15 anos, da escola após uma ameaça de invasão da Polícia Militar. "Fiquei com medo de que ela se machucasse, mas continuamos aqui apoiando o movimento. Querem tirar minha filha daqui para que ela estude em uma escola de Taboão da Serra [Grande SP], onde a gente mora, mas lá o ensino é pior", disse.

"Será avaliado o que aconteceu lá dentro para saber o nível de responsabilidade de cada um, se houve dano ao patrimônio público. Os maiores de idade respondem pelos atos junto aos menores. Espero que eles compreendam o papel de cidadão de cada um deles e deixem a escola para a finalidade dela", disse o coronel Roberto Teixeira de Miranda.

Questionado, Miranda disse que não comentaria o andamento das negociações ou se há a possibilidade de a polícia invadir a escola. "É um prédio público. Desde que haja... Não tem problema", disse.

Toda a área ao redor da escola está cercada de policiais militares. Há ainda um caminhão do Corpo de Bombeiros posicionado na entrada principal da escola

Infográfico: Mudanças na educação

GRANDE SP

Ao menos 20 alunos e dois professores da escola estadual Diadema, na Grande São Paulo, passaram a noite na instituição em protesto contra a reorganização de ciclos do ensino.

O ato aconteceu por volta das 19h. O grupo de estudantes do ensino médio noturno e os professores ficaram reunidos durante toda a noite no refeitório da escola.

A dirigente regional de ensino de Diadema, Liane Baybr, disse que não houve qualquer dano nas instalações da escola. "Eles chegaram e comunicaram que não iam sair da escola. Como havia menores de idade, passamos a noite com eles e telefonamos para os pais para buscá-los. Alguns não vieram."

Baybr confirmou que haverá remanejamento de alunos do ensino médio para outra escola, que fica a cerca de 50 metros da atual. Eles serão transferidos para a escola Filinto Müller, que atende apenas estudantes do ensino médio. Segundo a dirigente, houve uma reunião com os cerca de 284 alunos para estabelecer a melhor maneira de realizar a migração sem que houvesse qualquer tipo de prejuízo.

"Os alunos serão remanejados aos poucos até 2017. Quem está terminando o ensino fundamental e vai começar o médio já na nova escola. Já os alunos que estão no primeiro e vão para segundo poderão continuar na mesma escola até terminar o terceiro. Isso também acontecerá com os do segundo ano. Esse acordo já foi firmado com a secretaria", disse Baybr.

A dirigente de ensino disse que a ronda e o Conselho Tutelar foram acionados para garantir a entrada dos alunos do período da manhã. Por volta das 13h, menos de dez alunos ainda permaneciam na escola protestando contra a reforma.

Colaborou MARLENE BERGAMO


Endereço da página:

Links no texto: