Folha de S. Paulo


Veja quais são as 94 escolas que serão 'fechadas' no Estado de SP

A gestão Alckmin anunciou na segunda-feira (26) as propostas para reformulação do ensino paulista para 2016, que vão incluir o "fechamento" de 94 unidades, distribuídas em todo o Estado, atualmente ocupadas por estudantes dos ensinos básico.

Entre as 94 escolas que deixarão de atender os estudantes dos ensinos fundamental e médio, 55 estão na Grande São Paulo —e 25 destas na capital paulista.

A reorganização visa dividir os colégios estaduais de SP por ciclos de ensino para facilitar a gestão das unidades. Ao todo, 754 escolas atenderão apenas um ciclo de ensino em todo o Estado (veja a lista completa ao fim da matéria).

As mudanças passam a valer a partir do primeiro dia letivo de 2016, em 1º de fevereiro, uma segunda-feira.

A Folha conseguiu a lista das escolas que serão "fechadas" no início do próximo ano letivo. Veja a lista completa abaixo:

Escolas de SP que serão 'fechadas' em 2016

Segundo anúncio do governo paulista, das 94 escolas, 66 serão repassadas para as redes municipais (que poderão transformá-las em creches ou pré-escolas) ou serão aproveitadas pelo próprio governo Geraldo Alckmin (PSDB) como unidades de ensino técnico, de ensino de línguas ou de educação de jovens e adultos. Outras 28 unidades ainda estão com o destino incerto —o governo negocia sua utilização com as prefeituras.

Os critérios para as mudanças incluíram o número máximo de alunos por sala e o deslocamento limite de 1,5 km da atual escola para a nova unidade, de acordo com a secretaria de Educação.

As mudanças geram apreensão na escola Professor Antonio de Mello Cotrim, em Piracicaba, que atende o fundamental 2 e o ensino médio. "A justificativa que nos deram é que temos poucos alunos. São 310 no fundamental 2 e 290 no ensino médio. Temos uma média de 30 por sala. Agora, é pouco uma escola atender 600 alunos?", indaga uma funcionária que não quis se identificar.

"A gente tem menos de um mês para fazer todo o remanejamento", explica a funcionária. Os estudantes serão transferidos para as escolas Dr. Dario Brasil e Dr. João Sampaio. "Temos muitos alunos com deficiência auditiva, por exemplo. Será que eles serão bem atendidos? Além disso, 40 professores deverão ser realocados", complementa.

Por conta da reforma, cerca de 311 mil estudantes serão transferidos para outras unidades de ensino.

PRÓXIMOS PASSOS

Segundo a secretaria de Educação, a próxima etapa da reforma envolverá os pais, estudantes e a comunidade escolar. Nesta quinta (29) será lançada uma página especial para consulta da situação de cada escola. As informações poderão ser acessadas no site: www.educacao.sp.gov.br/reorganizacao.

No dia 14 de novembro será realizado o Dia E da Educação, em todas as escolas do Estado. O evento deve explicar aos pais e estudantes sobre a reformulação na rede estadual de ensino. Na data, os responsáveis legais também poderão pedir a mudança do aluno para outras unidades.

O prazo para pedidos de transferência também foi estendido neste ano, e acontecerá entre dezembro e janeiro.

A pasta pede ainda que os dados dos estudantes sejam atualizados no site oficial para melhor informar as famílias sobre as oportunidades de estudo e novidades nas escolas.

Infográfico: Escolas de ciclo único

MUDANÇA MAIS TÍMIDA

Pela proposta apresentada no mês passado pelo secretário Herman Voorwald (Educação), a maioria das unidades já passaria no ano que vem a ter classes de só um dos três ciclos do ensino básico -anos iniciais (1º ao 5º) e finais (6º ao 9º) do ensino fundamental e ensino médio.

Além disso, nenhuma escola teria três etapas, e até dois milhões de alunos poderiam ser transferidos de colégio.

Porém, na segunda, a gestão Alckmin anunciou um plano mais brando. Na prática, as escolas paulistas com segmento único passarão de 28% para 43%; 6% ainda manterão três ciclos; e 311 mil alunos serão transferidos.

A gestão Alckmin diz que os números anteriores eram uma estimativa e desvincula qualquer mudança de planos à pressão de alunos, pais e professores –que, desde setembro, organizam protestos por temerem o "fechamento" de escolas e remanejamento para outras mais distantes.

O governo diz que os impactos da mudança ficaram menores por critérios técnicos. Cita que, ao analisar escola por escola, identificou que em alguns casos não era possível fazer a transferência –alunos teriam, por exemplo, que atravessar uma rodovia para chegar à nova escola.

O resultado foi considerado satisfatório pela pasta. Em relação ao número de transferidos, ela diz que à época queria se referir ao total de alunos impactados –incluindo os que vão receber novos colegas de escola. Por essa conta, serão 1,4 milhão em 2016.

Ainda como saldo da mudança, como antecipou a Folha, 94 dos 5.147 colégios estaduais deixarão de receber alunos do ensino fundamental ou médio. Eles vão virar creches, escolas técnicas ou colégios para educação de jovens e adultos. Por outro lado, 2.956 salas que estavam ociosas passarão a ter estudantes.

A Apeoesp (sindicato docente) ameaça novos protestos contra a medida –diz que não foi ouvida e que professores podem ser prejudicados.

"Os professores, transferidos na marra, terão de disputar disciplinas com aqueles já lotados nessas escolas. Ganha quem tiver mais tempo de serviço. Quem não conseguir manter sua carga horária, terá seu salário reduzido", disse a presidente da entidade, Maria Izabel Noronha.

A secretaria afirma que a carga de trabalho dos docentes efetivos está garantida. O que pode haver é a diminuição da necessidade de temporários na rede de ensino, diz.

Segundo levantamentos internos da secretaria, escolas com apenas uma etapa de ensino tendem a apresentar nota 22% superior às demais.

O Ministério da Educação também já divulgou estudos apontando que colégio com várias etapas tem maior "complexidade de gestão".

Infográfico: Escolas de SP que terão ciclo único


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