Folha de S. Paulo


Saiba quais critérios observar antes de eleger uma escola em tempo integral

Estudar em período integral significa comprometer a criança com, no mínimo, oito horas de estadia na escola. Isso não pode, é claro, condená-la a ficar presa em uma sala de aula por um terço do dia.

Colégios consultados pela Folha concordam que é preciso permitir ao aluno trafegar por diferentes ambientes ao longo do dia letivo. É tarefa dos pais assegurar que a escola do filho tenha uma estrutura adequada a essa necessidade.

É básico, portanto, que os pais e a criança ou o jovem conheçam muito bem, antes de optar, o espaço físico da escola candidata e o uso que é feito dele durante os períodos de atividades.

É fundamental checar se a instituição segue um planejamento de rotina com qualidade de vida e se há instalações próprias para atividades que fujam do currículo acadêmico.

O mais frequente é que o período integral seja opcional, composto por um turno (manhã ou tarde) com aulas regulares e o oposto com atividades extracurriculares.

É comum que, no período alternado, a instituição ofereça tempo para estudo -dirigido ou independente-, esportes e atividades que estimulam a criatividade.

Portanto, bibliotecas, quadras esportivas e ateliês de artes são itens básicos.

Estrutura da escola em tempo integral ideal

LIBERDADE E SUPERVISÃO

Para que a experiência de ensino integral não lembre nem de longe um confinamento, o espaço físico da escola precisa ser adequado.

Um consenso entre bons colégios é o de que deve haver, no mínimo, 1,20 metro quadrado de área por aluno, suficiente para que professores circulem sem atrapalhar as atividades dos estudantes.

O espaço, além de amplo, deve ser diversificado para atender as diferentes aulas extracurriculares.

Hoje, para além do tradicional, colégios chegam a oferecer cursos de robótica, circo e oficinas de aplicativos para dispositivos móveis.

Não dá para esquecer que, especialmente para os menores, é necessário ter locais de relaxamento e socialização.

Muitas escolas optam por deixar, após o almoço, um período de descanso sem programação –boa parte delas tem salas próprias para isso.

"Ao contrário do que costumam perguntar, alunos do integral não são estressados. Não precisam sair correndo de um lugar para o outro, ficar no trânsito, e têm o espaço de descanso respeitado," diz Sônia Pereira, coordenadora de integral do Arquidiocesano, na Vila Mariana.

AR LIVRE

A programação também inclui deixar os alunos livres para brincar em ambientes abertos. O Santa Marcelina, em Perdizes, conta com o que chamam de "chácara", espaço arborizado separado da escola por um túnel, onde ficam quadras livres e parquinhos.

O Pueri Domus, na Chácara Santo Antônio, tem arquitetura horizontalizada e espaços de convivência como dois bosques nos fundos da escola, de mais de 1.700 m² de área combinada.

A diretora, Maria Cecilia Aranha, conta que os alunos usam aquele espaço como laboratório de observação, levando coisas que acham por ali para a classe.

"Valorizamos a natureza, o ar livre. É importante a criança ter contato direto com o que constitui o mundo."

Liberdade, mas com supervisão a todo momento. Algumas escolas contam com estagiários e bedéis para a tarefa de monitoramento. Em outras, os profissionais que acompanham as crianças no período integral têm formação equivalente à dos professores da grade regular.

Os pais também precisam ter em mente que a criança vai almoçar todos os dias na escola. Isso significa passar um pente fino na limpeza da cozinha e do refeitório e checar suas dimensões.

Mas não é só isso: quando os alunos fazem uma ou mais refeições no colégio significa que a instituição deve ter mais responsabilidade em fomentar nas crianças os hábitos de higiene. Não podem faltar banheiros com boa quantidade de pias e a garantia de que supervisores vão acompanhar os pequenos enquanto eles lavam as mãos e escovam os dentes.

colégio modelo - Cheque tudo antes de optar por uma instituição de ensino integral

CHEQUE TUDO

A prática de atividades físicas faz parte da grade curricular ideal do ensino em período integral. Além das quadras para esportes coletivos, há escolas que contam com piscinas e salas para aula de judô, balé e até esgrima, cabendo aos pais perceber o que, de fato, atende as necessidades do seu filho.

Mas show de bola, mesmo, é a existência de quadra coberta para garantir a realização da atividade física até mesmo em dias de chuva.

Atividades extracurriculares são muito importantes, mas não dá para deixar de lado a boa e velha sala de aula. O ideal é que tenha maior amplitude que a normal, especialmente no ensino integral infantil, para abrigar diferentes ambientes de interação, como o cantinho dos brinquedos ou da leitura. Em tempo: vale checar o estado de conservação dos brinquedos e se há livros organizados em alturas adequadas para facilitar o acesso dos menores.

O Arquidiocesano ergueu um prédio para atender o ensino integral quando ele foi implementado, em 2002. Foram construídas 15 classes com área de até 92 m², 15 banheiros, cozinha e refeitório. O projeto incluiu corredores mais largos, incorporados como locais de convivência.

O Santo Américo, no Morumbi, tem edifício próprio para atividades artísticas. O chamado espaço cultural tem 1.600 m² e é exclusivo para música, dança e artes visuais.

Para dar conta de suas necessidades estruturais, a unidade do Pueri Domus na Chácara Santo Antônio, zona sul de São Paulo, tem quase 18 mil m² de área, enquanto o Porto Seguro, no Morumbi, conta com cerca de 101 mil m² para suas instalações. Espaço é o que não pode faltar.

"A escola integral não deve pensar só em termos acadêmicos. Precisamos ter espaços para que as crianças se movimentem, aprendam a se relacionar e a dividir uma quadra, uma bola," opina Fátima Marchetti, diretora pedagógica do Santa Marcelina.

Elenice Lobo, responsável pelo Santo Américo, diz: "O aluno não pode entrar na sala às 8h e sair às 16h, ninguém aguenta. A ideia é abrir".


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