Folha de S. Paulo


Encontro busca lições nos melhores sistemas de ensino do mundo

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Na Inglaterra, há inspeção de escolas e fechamento das que não atingem metas. Na Austrália, o governo sabe a deficiência de cada aluno e sugere a solução ao professor. No Canadá, só três metas norteiam todos os programas.

Pilares de três dos melhores sistemas educacionais do mundo foram apresentados em São Paulo, no Seminário Internacional 2015 Caminhos para a qualidade da educação pública: Gestão Escolar, correalizado por Instituto Unibanco e Folha.

O objetivo do encontro, que aconteceu nos dias 2 e 3 de setembro, foi debater casos de gestão para inspirar melhorias na educação pública.

Foram anunciadas no evento novas ações na educação brasileira. O Ministério da Educação criará um sistema de certificação para diretores de escolas; na rede estadual de Goiás, parte de ações administrativas das escolas ficarão a cargo da iniciativa privada.

EXEMPLOS

Experiências internacionais mostram que desafios brasileiros, como a construção de um currículo básico, podem ser resolvidos.

A Austrália, país federativo como o Brasil, foi bem-sucedida na implementação do currículo. A partir dele, é possível monitorar o progresso de cada aluno.

Em Ontário, onde o sistema educacional é descentralizado, o desafio era elevar o nível das escolas com baixo desempenho e incluir os alunos de origem social mais vulnerável, como os imigrantes.

A província canadense é conhecida por ter um dos melhores sistemas educacionais do mundo. Lá, foram eleitas apenas três metas: retomar a confiança no setor público; elevar o desempenho dos alunos em linguagem e matemática; e aumentar a taxa de conclusão do ensino médio.

Os objetivos estão praticamente alcançados.

"As crianças são o eixo central do sistema. A continuidade da democracia e o desenvolvimento da economia dependem delas", disse Mary Jean Gallagher, vice-ministra de Educação de Ontário.

Considerada o patinho feio da Europa na área de educação até a década de 1980, a Inglaterra começou a mudar sua trajetória ao eleger o tema como prioritário para o desenvolvimento do pais.

A primeira a adotar o discurso foi Margaret Thatcher (1979-1990), seguida com mais ênfase pela gestão de Tony Blair (1997-2007).

Com currículo nacional, política linha-dura de inspeção e, ao mesmo tempo, autonomia financeira e técnica para escolas, a qualidade melhorou. "Dar mais poder às escolas foi fundamental para a reflexão sobre o que funcionou" afirmou Michael Wilshaw, chefe de inspeções do Ofsted (Escritório de Padrões em Educação) da Inglaterra.

PRÓXIMOS PASSOS
Alguns desses caminhos começam a ser seguidos pelo Brasil. Com a iniciativa do MEC de certificar diretores, a ideia é fornecer parâmetros para a qualificação dos gestores. "O diretor de escola é chave para o sucesso de políticas públicas. É para contribuir com o processo de qualificação do diretor que estamos discutindo a certificação federal", disse Manoel Palacios, secretário de educação básica do MEC.

Mais do que universalizar o acesso ao ensino, agora o desafio brasileiro é organizar o currículo, formar professores melhores e gerir bem a escola e a rede pública, segundo os participantes.


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