Folha de S. Paulo


Ao menos 30 federais abrem vagas via seleção unificada para o 2º semestre

Trinta das 63 instituições federais de ensino superior já confirmaram à reportagem da Folha que abrirão vagas para o segundo semestre por meio do Sisu. A sigla define o sistema de seleção unificada que distribui vagas utilizando a nota do Enem.

Mesmo sem a publicação do edital de convocação do MEC (Ministério da Educação), o levantamento permite afirmar que ao menos 25 mil vagas serão abertas.

O ministério, porém, acredita que o número oficial deve ser próximo ao de 2014, quando 51.412 vagas em 59 universidades federais foram oferecidas no segundo semestre. O edital deve ser publicado no final deste mês.

Criado em 2010, o sistema facilita com que estudantes consigam vagas em instituições de todos os 26 Estados do país, além do Distrito Federal. Segundo um levantamento do MEC, em 2014, 19 mil alunos de federais, ou 13% do total, nasceram em uma região diferente daquela onde faziam faculdade.

Sergio Ranalli/Folhapress
Os paulistas Nathalia e Carlos, que se conheceram ao estudar na UTF-PR
Os paulistas Nathalia Souza e Carlos Fontana, que se conheceram ao estudar na UTF-PR

Na Federal de Minas Gerais, por exemplo, a taxa de estudantes de outros Estados em 2015 –quase 7%– dobrou em relação a 2011. Na Universidade de Brasília, que usa o programa desde 2013, 36% dos alunos não são do DF.

Ricardo Takahashi, pró-reitor de graduação da federal mineira, diz que o aumento na disputa por vagas o surpreendeu. Os cursos da universidade tiveram sua proporção candidato/vaga multiplicada por quatro em razão do Sisu. Para evitar que candidatos com rendas mais altas e saídos do ensino privado sejam privilegiados, a instituição usa um sistema de cotas.

O Sisu mudou ainda a estratégia de escolha dos cursos, "porque o estudante primeiro faz a prova, e depois escolhe a vaga que pretende concorrer, já sabendo sua nota e a de seus concorrentes", explica Takahashi.

DIFICULDADES DE ADAPTAÇÃO

Mas especialistas ouvidos pela Folha afirmam que os estudantes devem considerar outros fatores antes de carimbar a escolha da faculdade.

Um relatório da Andifes (associação de dirigentes das federais) de 2011 mostra que 43% dos alunos de universidades federais apresentaram dificuldades de adaptação.

"Passar numa faculdade boa não garante maturidade emocional para sair de casa", lembra a psicóloga Rosane Levenfus, presidente da Associação Brasileira de Orientação Profissional.

Segundo ela, estudar longe de casa é um aprendizado –o jovem se torna mais independente–, mas a obrigação repentina de amadurecimento pode ser perigosa.

"Muitos também fazem a opção de curso sem um planejamento financeiro", afirma o professor de psicologia Marco Antonio Teixeira, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

Segundo ele, muitos alunos que passam na federal gaúcha nem se matriculam. "É preciso conhecer as características do curso e a renda necessária para se manter sozinho", afirma.

Rosane aponta ainda casos de desistentes que voltam para a cidade de origem após episódios de abuso de drogas. "Enquanto o jovem preparado aproveita para se governar, o imaturo acaba se desgovernando", arremata.


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