Folha de S. Paulo


opinião

Antes de escolher o curso, considere a rotina na universidade

O mundo do trabalho está mais exigente e diversificado. Se na década de 1970 existiam apenas quatro habilitações de engenharia no Brasil, atualmente há mais de 30 opções. São mais de 240 cursos superiores, cada um deles desembocando em dezenas de ocupações possíveis.

Isso sem falar na expansão de faculdades e universidades nos últimos anos, o que torna a escolha da profissão bem mais complexa.

Quem está escolhendo o curso costuma levar em conta critérios como: "o que eu gosto", "o que dá dinheiro" e "no que eu sou bom".

É evidente que interesse pelo trabalho e perspectivas de ganhos financeiros futuros são importantes. Porém, negligenciam-se outros: onde fica a faculdade? Como será morar nessa cidade? Como irei de casa para a faculdade? Como vou me manter ou pagar a mensalidade? Há possibilidade de estágio remunerado ou de manter um emprego com a faculdade? Há bolsa de estudos ou financiamentos? O curso é em que período do dia? Enfim, como será a vida na faculdade e fora dela nessa nova etapa.

Tony D'Agostinho

No Serviço de Orientação Profissional da USP, é cada vez mais frequente a busca de atendimento por alunos descontentes que relatam dificuldades referentes mais à vida universitária do que a seu curso. Eles não pesquisaram, não pensaram no projeto pós-escolha.

Entrar na faculdade pode significar mudar de cidade ou mesmo se locomover para uma região distante, ficar longe da família e das amizades. Implica passar para um sistema de ensino onde se espera mais autonomia e onde se vive a transição para o trabalho, com estágios.

Portanto, tão importante quanto "que curso escolher?" é "o que fazer depois de escolher?". É necessária uma busca ativa de informações em contato com a faculdade, alunos, sites de avaliações institucionais e demais fontes.

Para evitar dificuldades, decepções e uma futura desistência, deve-se pensar para além da escolha do curso e considerar a faculdade como parte de um projeto profissional e de vida.

DÉBORA AMARAL AUDI, GUILHERME FONÇATTI, MARCELO AFONSO RIBEIRO, MARCELO LABAKI AGOSTINHO e MARIA DA CONCEIÇÃO UVALDO são psicólogos do serviço de orientação profissional da USP


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