Folha de S. Paulo


Greve já prejudica alunos, e governo Alckmin diz que não negociará salário

A greve dos professores da rede estadual começou a afetar a rotina de algumas escolas de São Paulo, onde alunos são dispensados mais cedo ou ficam com aulas vagas.

O governo Geraldo Alckmin (PSDB), por sua vez, descarta a possibilidade de se reunir com os docentes para discutir qualquer tipo de reajuste salarial por enquanto.

"Não vou negociar isso agora. Nem tenho como", disse à Folha, Herman Voorwald, secretário da Educação, que afirma ter sido surpreendido pelo movimento e que só a partir de abril será possível saber a situação econômica do Estado para avaliar a hipótese de aumento. Para ele, a greve é fora de hora.

Editoria de Arte/Folhapress

A greve iniciada na semana passada reivindica, entre outras coisas, reajuste de 75%. O salário-base da categoria é de R$ 2.416 –na jornada de 40 horas, para professores do ensino médio.

A Folha visitou na manhã desta terça-feira (23) dez escolas no centro e na zona norte da capital paulista e, em três delas, obteve relatos de que a paralisação começou a afetar as aulas nesta semana.

Duas do centro (Padre Anchieta e Caetano de Campos)liberaram alunos uma hora e meia antes do normal. Funcionários e estudantes disseram à reportagem que a dispensa era pelo segundo dia consecutivo, com a justificativa de greve dos docentes.

Em uma terceira unidade (João Kopke), dois terços dos professores não haviam comparecido, segundo funcionários. Os alunos ficaram dentro das salas, sem aula.

A Secretaria de Educação disse que os colégios chamarão, a partir desta quarta (25), professores eventuais para cobrir as ausências.

Na semana passada, a Folha havia visitado escolas na zona sul, mas não havia impactos. O Estado possui em torno de 5.300 colégios.

NÚMEROS

A Secretaria da Educação do governo Alckmin minimiza os efeitos da greve. Diz que as ausências diárias dos professores estão constantes, próximas de 2,5%, conforme os índices de faltas enviados diariamente por todas as escolas.

Já a Apeoesp (sindicato dos professores) diz que a adesão à paralisação cresce e está em 60%, conforme dados levantados por suas sub-sedes. A presidente da Apeoesp, Maria Izabel Noronha, afirmou que a Educação tenta minimizar o movimento ao dizer que não vai negociar salários agora.

O secretário Voorwald afirmou ter apresentado ao sindicato a proposta de definir um plano de reajustes para os próximos quatro anos, com base no desempenho econômico e na arrecadação do Estado. "Todos tinham concordado. Fui surpreendido pela deflagração da greve pela Apeoesp", disse.

A presidente do sindicato (filiado à CUT), Maria Izabel Noronha, nega. "De qualquer forma, se pode em abril, por que não pode agora? Só para dizer que dobrou o movimento? Não aceitaremos isso."


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