Folha de S. Paulo


A cada momento surge uma 'armadilha' no Fies, diz faculdade

As faculdades enfrentam neste ano um problema novo a cada momento no Fies, afirma Marcelo Cardoso, CEO (dirigente) da FMU, uma das instituições privadas mais tradicionais de São Paulo.

Nesta madrugada, a Folha acompanhou alunos dormindo na calçada em uma fila para conseguir o benefício.

O site do ministério cai constantemente, e as reclamações de alunos crescem a cada dia.

Segundo o CEO, o Ministério da Educação não informa oficialmente as instituições quais são os critérios adotados para concessão dos benefícios. "Sabemos tudo pela imprensa", disse Cardoso.

"Falam que eles querem reduzir para um terço o volume de novos alunos. Mas isso não está dito oficialmente."

A seguir, trechos da entrevista do dirigente da FMU, entidade onde cerca de 15% dos alunos possuem hoje o Fies.

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Folha - Como está a situação na sua instituição?
Marcelo Cardoso - Dos alunos que já possuíam o financiamento, 80% já conseguiram aditar [renovar]. O problema são os novos. São cerca de 1.200. Quase ninguém conseguiu se inscrever.
A cada momento surge uma armadilha. Primeiro foi o teto para mensalidade, depois nota do curso, limite de vagas por região. Vamos descobrindo aos poucos, geralmente pela imprensa, porque não tem portaria disso. Ninguém esperava que o sistema fosse redesenhado na calada da noite. Chegamos a adiar o início do ano letivo em dez dias, quando percebemos que ninguém estava conseguindo se inscrever.

Os alunos da FMU fizeram manifestação nesta semana devido aos problemas. Como o sr. avalia a situação?
Quando eles precisam preencher os dados deles, percebem que o sistema está lento, cai, fica fora do ar uma tarde inteira. Quando conseguem, vêm cobrar a nossa parte. E tenho de mostrar que o sistema que ele usou é o mesmo que temos de usar. Triplicamos a equipe que faz esse atendimento, o trabalho está sendo feito também de sábado e domingo. Esperamos que a situação melhore.

A situação do Fies faz com que a FMU mude seu planejamento de médio e longo prazo?
Podíamos atender o dobro de estudantes, se não fossem esses problemas. Mas ainda não consigo saber exatamente como ficará nosso planejamento, porque cada dia há uma dificuldade nova. Temos de esperar a situação ficar sedimentada.


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