Folha de S. Paulo


Para cursinhos, 1ª fase da Fuvest foi difícil e abrangente

Uma prova difícil, abrangente e que exigiu dos candidatos domínio do conteúdo. Essas foram as características da primeira fase da Fuvest, aplicada neste domingo (30), segundo professores ouvidos pela Folha.

Veja o gabarito e acompanhe a correção

O exame, que seleciona alunos para a USP e a Faculdade de Medicina da Santa Casa, teve 90 questões de múltipla escolha para serem respondidas em cinco horas.

"Quando se pensa nos vestibulares paulistas, a Fuvest é a prova mais exigente. E, neste ano, ela foi mais puxada", afirma Marcelo Dias Carvalho, coordenador do Etapa.

De acordo com os professores, a prova teve enunciados bem elaborados. A área de exatas teve questões trabalhosas, especialmente matemática.

"Matemática foi a mais complicada. Envolvia uma série de questões mais trabalhosas, enunciados longos. Foram questões criativas e originais, sendo duas interdisciplinares, que foram as mais difíceis na avaliação dos professores", diz Luiz Carlos Belinello, do Objetivo.

Para Célio Tasinafo, diretor pedagógico da Oficina do Estudante, um dos destaques de exatas foi a contextualização das questões de física.

"Foi uma prova que relaciona muito ao cotidiano dos alunos, como uma sobre panela de pressão. Não torna a prova mais fácil, mas torna mais interessante", afirma.

Já Luís Ricardo Arruda, coordenador do Anglo, outra área que demandou mais dos candidatos foi português, que abordou todas as nove obras literárias previstas no edital.

"Verificou se o aluno realmente leu as obras. Não ajuda aquele que pegou apenas um resumo", exemplifica.

CRISE

Mas estava em geografia uma das questões que chamaram a atenção dos candidatos.

Nela, o estudante deveria apontar a "natureza" da crise de abastecimento de água na Grande São Paulo.

Segundo o gabarito oficial, a alternativa correta é a que diz que a crise tem natureza "ecológica e política, posto que a reposição de água dos reservatórios depende de fatores naturais, assim como do planejamento governamental sobre o uso desse recurso".

O tema teve grande destaque na eleição deste ano. Opositores acusaram os sucessivos governos tucanos em São Paulo de falta de planejamento, mas a gestão Geraldo Alckmin (PSDB) rebatia afirmando se tratar de uma seca histórica.

Carvalho, do Etapa, considera a inclusão do assunto pela Fuvest importante. "É a primeira vez que o tema aparece no vestibular neste ano", afirma.

Mas, de forma geral, os professores disseram não ver na questão uma crítica ao atual governo.

"Na minha visão, é muito barulho por nada. Existe uma questão climática sendo abordada", comenta Arruda.

Tasinafo, da Oficina do Estudante, também diz que a pergunta "não depende de nenhum posicionamento político para ser respondida".

"Não me pareceu uma crítica. É um tema sensível, sem dúvida, mas não levou nenhum aluno que acha que o governo do Estado não tem culpa a achar que tem."

Procurada, a gestão Alckmin informou que a Fuvest tem liberdade para elaborar a prova e que não iria comentar a questão.


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