Folha de S. Paulo


Unesp e Unicamp dizem aplicar teto salarial, mas não revelam valores

Assim como a USP, as outras duas universidades públicas paulistas são obrigadas a limitar o salário de seus servidores ao valor recebido pelo governador: R$ 20.662.

Mas, ao contrário da USP, Unicamp e Unesp não informam os nomes dos funcionários e docentes que ganham acima do teto nem o valor exato de seus salários, incluindo gratificações.

A Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) passou a limitar os salários em abril em cumprimento à decisão do Tribunal de Contas do Estado. Segundo a universidade, a medida abrange 804 servidores e gera economia mensal de mais de R$ 220 mil.

Na Unesp (Universidade Estadual Paulista), até outubro, 60 professores e 10 servidores tiveram os salários congelados. O limitador é aplicado desde 2011.

Há, porém, servidores com ganhos acima do permitido. Eles tiveram benefícios incorporados aos salários antes de 2003, quando foi regulamentado o teto por meio de uma emenda à Constituição.

As universidades não informam quantas pessoas estão nesse grupo nem o valor de seus salários. A Unesp diz que analisa a publicação dessas informações. A Unicamp afirma que segue modelo do TCE ao informar a remuneração correspondente a cada cargo, sem nomes.

O TCE reprovou contas das duas universidades, que recorreram das decisões.

CONTROVÉRSIA NA USP

Após a publicação pela Folha dos salários de servidores da USP, alguns docentes, que não quiseram se identificar, criticaram a exposição. Para esses, as informações podem gerar uma "caça às bruxas".

Outros, como Marcos Camponar, professor da Faculdade de Economia e Administração, acham que a publicação esclarece distorções na folha de pagamento. "É preciso adequar o número de funcionários. Se não há excessos, os salários podem ser melhores."

Para estudantes de engenharia, há mais professores do que o necessário. "A gente prefere estudar em casa", disse Marcelo Kenzo, 19. Segundo Victor Lanzuolo, 19, "a qualidade dos docentes não corresponde aos salários".

Aluno de arquitetura, Cassio Abuno, 22, pondera: "Há professores ruins ganhando muito e professores bons ganhando pouco".

O técnico de laboratório Edgar Muniz, 41, disse que "não é verdade que funcionário público não trabalha". Ele citou dias em que cumpre jornada maior do que a contratada.


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