Folha de S. Paulo


Maioria das instituições tem baixa produção de artigos científicos

Das 192 universidades avaliadas pelo RUF, 176 (91%) têm menos do que uma publicação acadêmica por docente num período de dois anos, e 77 (40%) não têm em seu quadro docente pesquisadores considerados especialmente produtivos pelo CNPq (agência federal de fomento à pesquisa).

O número de professores que recebem a chamada bolsa de produtividade do CNPq passou a integrar o indicador de qualidade de pesquisa do RUF neste ano. As bolsas, cerca de 16 mil no país, pagam de R$ 1.100 a R$ 1.500 a professores de todas as áreas.

O número de artigos publicados é um dos critérios para escolher os contemplados -citações, orientações, relevância e apresentação de projetos também contam.

A universidade com mais publicações por docente no RUF é a Unicamp, com uma média de 3,35 artigos por professor entre 2010 e 2011. A instituição é ainda a que tem mais bolsistas do CNPq.

Na outra ponta, 176 universidades têm menos de uma publicação por docente -ou seja, nessas escolas há docentes que publicam menos de um artigo a cada dois anos.

Glaucius Oliva, presidente do CNPq, pondera haver muitas universidade recentes no país. "Quantas foram criadas nos últimos 15 anos? Até tudo ser estabelecido demora."

Segundo dados do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), o número de instituições de ensino superior subiu de 1.637 em 2002 para 2.252 em 2008. O número de docentes com doutorado saltou de 49.287, em 2002, para 77.164, em 2008.

Para Oliva, a cobrança das agências de fomento precisa ir além da contagem de artigos. "A gente olha para o impacto das publicações."

Paulo Artaxo, pesquisador da USP, diz que é preciso buscar mais parceiros internacionais para aumentar a relevância da pesquisa brasileira. Ele é um de apenas cinco pesquisadores atuantes no Brasil que figuram entre os 3.200 mais influentes no mundo, segundo pesquisa recente do Instituto Thomson Reuters.

Já o Andes (sindicato de professores do ensino superior), questiona as avaliações. "A produção científica tem caráter artesanal e não tem o mesmo ritmo para todas as áreas", afirma Paulo Rizzo, presidente do sindicato.

Editoria de Arte/Folhapress

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