Folha de S. Paulo


Unicamp vai contratar professor de cursinho para corrigir vestibular

A Unicamp voltará a contratar professores de cursos pré-vestibular –os "cursinhos"– na correção do seu processo seletivo, que é dissertativo na segunda fase. A mudança passa a valer a partir do próximo vestibular.

A proibição de contratar quem dá aula em cursinhos estava em vigor desde 1996, após constatação de semelhança entre a prova de redação do vestibular da Unicamp com um exercício de um cursinho.

O episódio acabou anulando a prova de redação do vestibular da Unicamp de 1995.

Agora, a comissão do vestibular da universidade, composta por um representante de cada curso de graduação da Unicamp, voltou atrás. A decisão resultou em polêmica na universidade.

A reportagem conversou com docentes –alguns deles membros do Conselho Universitário– que afirmaram temer vazamento de informações e conflito de interesse.

Em nota, a comissão do vestibular da Unicamp afirmou que a mudança "atende a uma solicitação da banca examinadora [do vestibular]". Não ficou claro, no entanto, o motivo da solicitação.

A Folha apurou com docentes da universidade que a inclusão de professores de cursinhos visaria melhorar a qualidade da correção.

"Sabe-se que a correção de provas dissertativas, especialmente de redação, é problemática em todos os processos seletivos", disse um docente que não quis ser identificado na reportagem.

"O problema é que contratar professor de cursinho não vai mudar isso", completou.

USP e Unesp, que também têm provas dissertativas na segunda fase do seu processo seletivo, mantiveram a proibição de vínculo da banca corretora com cursinhos.

Nessas universidades, os corretores têm de assinar, antes de começar a trabalhar, um documento informando que não têm vínculo permanente exclusivo com organizações que preparam candidatos para o vestibular.

A mesma regra é seguida na correção de redação do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) -que, neste ano, teve o recorde de 8,7 milhões de inscritos.


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