Folha de S. Paulo


Termina sem acordo audiência no TRT para discutir paralisação na USP

Terminou sem acordo a audiência de conciliação realizada na tarde desta quarta-feira (20) entre representantes da USP e do Sintusp (sindicato dos funcionários da instituição). A categoria, assim como parte dos professores, estão em greve desde 27 de maio devido a não concessão de reajuste salarial.

A reunião realizada na sede TRT, na região central de São Paulo, durou em torno de três horas. Segundo o tribunal, o Sintusp pediu abertura de negociação, mas não oficializou sua pretensão de aumento –embora alguns funcionários que assistiram à audiência tenham citado 9,78%– e a USP ofereceu zero de reajuste.

A universidade explicou, durante a audiência, que está com 105% de sua receita comprometida em razão de promoções e despesas já realizadas. Já os funcionários afirmam que a USP se recusa a negociar e reclamaram que a universidade está cortando salários dos profissionais parados.

Sem acordo entre as partes, a desembargadora Rilma Aparecida Hemetério marcou uma nova audiência para o dia 27, e pediu que a universidade interrompa o corte de pontos e que os trabalhadores não realizem piquetes.

A USP também havia pedido à Justiça que concedesse uma liminar exigindo o retorno dos funcionários ao trabalho alegando que a paralisação afeta a administração do HU (Hospital Universitário). A desembargadora, porém, não concedeu a liminar por entender que os servidores parados não desempenham atividade essencial, como seria um médico.

Procurada, a assessoria da USP afirmou que, apesar do pedido do TRT, não deve haver mudança na postura da universidade até a próxima audiência.

Já o diretor do Sintusp Magno Carvalho afirmou que a reunião desta quarta "foi ótima" e comemorou a não concessão de liminar para retorno ao trabalho. Ele disse ainda que não há novas propostas de 'trancaço' ou piquetes para os próximos dias, e que esses atos devem ser substituídos por protestos de rua.

'TRANCAÇO'

Houve um conflito no início da manhã desta quarta-feira na USP, entre policiais e manifestantes, após um grupo de grevistas fechar três portões da universidade em protesto, o chamado "trancaço". De acordo com a nota da PM, a reitoria solicitou apoio policial para liberar a entrada de carros e estudantes.

Para dispersar os manifestantes a polícia avançou com bombas de gás e tiros de borracha. Houve correria principalmente na rua Alvarenga e na avenida Vital Brasil. A estação Butantã e o comércio da região ficaram fechados por cerca de 30 minutos por volta das 7h.

Segundo a PM, antes do confronto houve uma negociação de 30 minutos com os manifestantes para que os portões fossem liberados sem que houvesse o uso da força. O diretor do Sintusp (Sindicato dos Trabalhadores da USP) Magno de Carvalho, por outro lado, negou qualquer tipo de conversa prévia com a polícia.

"Não houve negociação. Um grande contingente de policiais foram deslocados para retirar a força os manifestantes", disse Carvalho em entrevista à Folha.

A USP disse em nota que "o trancamento de todos os portões do campus, repetindo ato praticado há duas semanas, afeta o direito de todos os servidores técnico-administrativos, estudantes e professores que não aderiram à greve e, por isso, a Polícia Militar foi chamada para executar as ações necessárias para desobstruir os portões".


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