Folha de S. Paulo


Confronto com grevistas foi necessário para liberar portões da USP, diz PM

A Polícia Militar disse que a ação que terminou em confronto entre grevistas da USP e policiais na manhã desta quarta-feira (20) foi necessária para a "liberação e garantia dos acessos à universidade".

O conflito começou nas primeiras horas da manhã logo após os manifestantes trancarem os três principais acessos da universidade. Houve confronto próximo as portarias 1 e 3 onde os grevistas montaram barricadas. De acordo com a nota oficial enviada à Folha, a PM foi acionada após uma solicitação da reitoria da universidade.

Para dispersar os manifestantes a polícia avançou com bombas de gás e tiros de borracha. Houve correria principalmente na rua Alvarenga e na avenida Vital Brasil. A estação Butantã e o comércio da região ficaram fechados por cerca de 30 minutos por volta das 7h.

Segundo a PM, antes do confronto houve uma negociação de 30 minutos com os manifestantes para que os portões fossem liberados sem que houvesse o uso da força. O diretor do Sintusp (Sindicato dos Trabalhadores da USP) Magno de Carvalho, por outro lado, negou qualquer tipo de conversa prévia com a polícia.

"Não houve negociação. Um grande contingente de policiais foram deslocados para retirar a força os manifestantes", disse Carvalho em entrevista à Folha.

De acordo com a PM, a ação não deixou vítimas e ninguém foi preso. Segundo os sindicalistas, ao menos oito manifestantes se feriram na manhã desta quarta-feira.

"A Polícia Militar em consonância e respeito ao estado democrático de direito brasileiro e em defesa da integridade física e da dignidade da pessoa humana sempre atuará nas manifestações visando à proteção das pessoas, inclusive manifestantes, bem como do patrimônio público e privado, contudo, terá o dever de ofício e missão constitucional de reestabelecer a ordem pública toda vez que ela for comprometida, usando os meios legítimos e a força", informou a nota da PM.

O protesto desta quarta foi convocado contra a posição reitoria de não conceder reajuste salarial à categoria, o que motivou a greve iniciada no final de maio. Há duas semanas, os funcionários intensificaram as ações por conta do corte de salário. A reitoria tem sofrido piquetes desde então.

Cerca 500 pessoas, segundo o Sintusp, participaram do ato desta quarta.

Nesta tarde, servidores públicos da Universidade de São Paulo e a reitoria da instituição se reúnem em uma audiência de conciliação no Tribunal Regional do Trabalho. O objetivo é tentar por um fim a greve na instituição que já dura mais de dois meses.

De acordo com o diretor do Sintusp, esta é a primeira vez que a greve de servidores públicos vai para dissídio coletivo. O aumento pedido pela categoria é de 9,78%.

A data-base para o reajuste salarial dos trabalhadores é em maio. Em 2013, por exemplo, os servidores ganharam 5,39% de reajuste nos rendimentos.


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