Folha de S. Paulo


PM e grevistas da USP entram em confronto na zona oeste SP

Policiais militares e grevistas da USP entraram em confronto na manhã desta quarta-feira, após servidores trancarem o acesso aos três portões da universidade. Segundo o diretor do Sintusp (Sindicato dos Trabalhadores da USP) Magno de Carvalho um grande contingente de policiais da Força Tática da PM chegou logo nas primeiras horas da manhã.

"Não houve negociação. Primeiro eles foram no portão 3 e já começaram a atirar bombas para dispersar os manifestantes. No portão 2 não houve confronto, mas no portão 1 onde havia uma maior concentração de pessoas houve resistência e bombas", afirmou.

Para trancar o principal acesso da USP, os grevistas montaram barricadas na rua Alvarenga. Para dispersar, de acordo com o diretor do Sintusp, a polícia avançou com bombas de gás e tiros de borracha. O confronto ocorreu por volta das 6h30.

Houve correria até na avenida Vital Brasil. Manifestantes tentaram resistir, mas a PM conseguiu dispersar os grevistas e liberar o acesso ao portão 1. Às 8h30, não havia nenhum foco de resistência por parte dos grevistas.

Pessoas que não participaram do protesto passaram mal com os olhos lacrimejando devido as bombas jogadas pela polícia. A estação Butantã da linha 4-amarela chegou a fechar. De acordo com a assessoria de imprensa da concessionária ViaQuatro, manifestantes tentaram invadir o espaço.

Para preservar o local, a empresa responsável pela estação trancou os portões de acesso por cerca de 30 minutos. De acordo com a SPTrans (empresa responsável pelo transporte público de São Paulo) ao menos 18 linhas de ônibus que circulam ou dentro da Cidade Universitária ou na região foram afetadas.

A Polícia Militar disse por meio de nota que ação que terminou em confronto entre grevistas da USP e policiais foi necessária para a "liberação e garantia dos acessos à universidade".

Uma manifestação desse tipo já foi realizada no último dia 7, quando os carros e pedestres foram impedidos de entrar na unidade das 5h até por volta das 11h. Na oportunidade não houve confronto entre policiais e grevistas.

Há duas semanas, os funcionários intensificaram as ações de protesto por conta do corte de salário. A reitoria tem sofrido piquetes desde então.

PROTESTO

O protesto acontece por conta da proposta da reitoria de não conceder reajuste salarial à categoria, o que motivou a greve iniciada no final de maio. Há duas semanas, os funcionários intensificaram as ações de protesto por conta do corte de salário. A reitoria tem sofrido piquetes desde então.

O sindicato da categoria divulgou em seu boletim e em seu site um chamado para que todos os funcionários que puderem optem por dormir no Sintusp e no acampamento da reitoria antes do "trancaço" previsto para esta quarta.

O reitor da USP, Marco Antonio Zago, afirmou na semana passada que uma das principais causas da atual crise financeira da escola foi um "erro de gestão" que "inflou" a quantidade de funcionários não docentes em vez de priorizar os que dão as aulas.

Desde 2013, os gastos com folha de pagamento superam a totalidade do orçamento da universidade, que deve receber R$ 5 bilhões do Estado em 2014. Assim, a instituição tem sido obrigada a usar reservas.

AUDIÊNCIA

Servidores públicos da Universidade de São Paulo e a reitoria da instituição se reúnem nesta quarta-feira em uma audiência de conciliação no Tribunal Regional do Trabalho. O objetivo é tentar por um fim a greve na instituição que já dura mais de dois meses.

De acordo com o diretor do Sintusp (Sindicato dos Trabalhadores da USP) Magno de Carvalho, esta é a primeira vez que a greve de servidores públicos vai para dissídio coletivo. O aumento pedido pela categoria é de 9,78%.

A data-base para o reajuste salarial dos trabalhadores é em maio. Em 2013, por exemplo, os servidores ganharam 5,39% de reajuste nos rendimentos.


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