Folha de S. Paulo


Greve faz Unicamp adiar início das aulas do 2º semestre letivo

A Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) decidiu nesta quarta-feira (30) adiar o início do segundo semestre letivo deste ano devido aos mais de dois meses de greve de professores e servidores técnico-administrativos.

As aulas deveriam ser retomadas na segunda-feira (4), mas a reitoria da instituição afirmou que o atraso no lançamento das notas e frequências do primeiro semestre causou o adiamento.

Segundo a reitoria, 25% das notas e frequências da graduação e 24% da pós-graduação ainda não foram inseridas no sistema da universidade.

Em nota, a universidade afirmou que "entende que a normalização da universidade depende da conclusão das atividades do primeiro semestre letivo". "Como consequência, comunica que o segundo semestre letivo não se iniciará no próximo dia 4 de agosto, como previsto no atual calendário."

Com isso, a greve, que era parcial, passa a afetar todos os mais de 40 mil alunos da instituição (18.026 da graduação e 22.824 da pós), uma das mais importantes do país.

A Unicamp é a segunda universidade brasileira mais bem colocada nos principais rankings internacionais.

No THE (Times Higher Education), aparece entre a 301ª e a 350ª posição geral e em 37ª entre as universidades "jovens" (com menos de 50 anos) –a única de toda a América Latina.

No QS (Quacquarelli Symonds), é a terceira da América Latina –a USP é 2ªâ€“ e a nona entre as universidades dos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) –a USP é a sétima.

ADESÃO À GREVE

Apesar de ter adiado o semestre devido à paralisação dos funcionários, a Unicamp diz oficialmente que a greve afeta apenas 15% das atividades nas suas 22 unidades de ensino e pesquisa e que o movimento é predominantemente formado por servidores técnico-administrativos.

A Adunicamp (associação de docentes), no entanto, estima que 60% dos docentes estejam parados. O STU (sindicato dos trabalhadores) afirma que a paralisação chega a 30% na área da saúde (cerca de 3.400 dos 7.878 funcionários) e a 65% nos demais setores da universidade.

Não há previsão para o término da greve.

As negociações entre Cruesp (Conselho dos Reitores das Universidades Estaduais de São Paulo) e trabalhadores de USP, Unesp e Unicamp estão emperradas e a próxima rodada de conversas ocorrerá apenas em 3 de setembro.

As universidades não querem conceder reajuste salarial aos seus funcionários, afirmando que a folha de pagamento já representa mais de 90% do orçamento das três universidades. Servidores e professores pedem 10% de reajuste.

Em nota, o Cruesp afirma que USP, Unesp e Unicamp "estão enfrentando níveis de comprometimento do orçamento com a folha de pagamento que ultrapassam 90%, nível acima do recomendado para uma gestão responsável".

RETOMADA DAS AULAS

Segundo a Unicamp, a previsão é que o segundo semestre comece em 1º de setembro, "na hipótese de que os problemas enfrentados pela universidade se resolvam no menor prazo possível".

A reitoria diz que a previsão é que o mês de agosto seja "destinado às necessárias reposições, que ocorrerão em proporção variável segundo as diferentes unidades de ensino e pesquisa, bem como ao completo processamento das matrículas do segundo semestre letivo".

Mas a tendência é que o prazo não seja cumprido, já que, em alguns cursos, é necessária a reposição de quase 30 dias letivos do primeiro semestre.

Além da suspensão das aulas, a greve afeta a colação de grau dos formandos do primeiro semestre letivo, previstas para começar no dia 7 de agosto. Segundo a Unicamp, "as colações de grau serão efetuadas conforme for concluída a inserção das notas em cada curso".

UNESP

Na Unesp (Universidade Estadual Paulista), a greve afeta ainda mais o lançamento das notas e frequências dos alunos. Segundo a reitoria da universidade, até 24 de julho 94% dos cursos não finalizaram integralmente as disciplinas.

Mas a universidade não possui um calendário unificado, e cada uma das 34 unidades em 24 cidades do Estado (22 no interior, uma na capital e uma no litoral) tem uma data específica para o início do segundo semestre.

A Unesp tem atualmente 36.264 alunos de graduação, 12.818 de pós-graduação, 3.730 professores e 7.247 servidores técnico-administrativos. Segundo a reitoria da universidade, a greve é parcial em 16 das 34 unidades, principalmente na graduação. "Na maioria das unidades, as atividades de pós-graduação, pesquisa e extensão continuam normalmente", disse a universidade.

USP

A USP (Universidade de São Paulo) também está em greve, mas afirma que as aulas do segundo semestre começarão na próxima segunda-feira (4).

A reitoria da universidade afirmou que a paralisação também afetou o lançamento das notas do primeiro semestre. A medida foi decidida em assembleia dos professores e poderia prejudicar a rematrícula dos estudantes para o segundo semestre. A USP, porém, adiou o limite de lançamento e alterou o sistema para permitir as rematrículas.

A reitoria estima que 10% dos funcionários e professores tenham parado por conta da paralisação. O Sintusp (sindicato dos funcionário), porém, diz que 80% dos servidores aderiram ao movimento. Já a Adusp (Associação de Docentes da USP) afirmou que não tem um balanço de adesão.

Ao todo, a USP tem 6.008 docentes, 17.451 servidores técnico-administrativos e mais de 92 mil alunos.


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