Folha de S. Paulo


Universidades de SP pedem 'trégua' para negociar com grevistas

USP, Unicamp e Unesp, as três universidades estaduais paulistas, aceitaram negociar com professores e funcionários em greve desde o fim de maio, desde que não haja mais invasões nem protestos.

É a primeira vez que o Cruesp (o conselho de reitores das instituições) aceita abrir negociação com os servidores desde o início da paralisação.

Em ofício enviado ao Fórum das Seis (entidade que congrega os sindicatos das universidades) na quinta (5), os reitores condicionaram o encontro ao fim de piquetes.

Na terça (3), funcionários, professores e alunos das três universidades protestaram em frente à reitoria da Unesp, no centro de São Paulo, e interditaram as ruas Xavier de Toledo e Quirino de Andrade.

"Consideramos um avanço o convite para a conversa, porque eles reconheceram que é preciso abrir uma negociação. Mas o fórum não tem poder para decidir pelo fim das ocupações", diz César Minto, do Fórum das Seis.

Segundo ele, os sindicatos que compõem a entidade são autônomos e respondem por suas deliberações.

"O fórum congrega as demandas que todos os sindicatos têm em comum. Não podemos nem teríamos como responder pelos protestos decididos por cada sindicado."

Em nota enviada ao Cruesp ontem (6/6), o fórum diz que não pode garantir o fim das ocupações e que a expectativa é que os grupos possam "dialogar e negociar". Sugere que uma reunião seja agendada já na próxima semana.

FOLHA DE PAGAMENTO

Professores e funcionários reivindicam 9,78% de reajuste —inflação (6,78%) mais recomposição de perdas.

Tradicionalmente, a reposição salarial ocorre em maio. Em 2013, foi de 5,39%.

Neste ano, as instituições congelaram as negociações até setembro, pois passam por crise financeira. Segundo elas, o gasto com a folha de pagamento está acima do aceitável -na USP, chega a 105%, o que a obriga a usar reservas.

Esta é a primeira vez em dez anos que os professores da USP param por salário. Em 2004, a reitoria não concedeu reajuste aos docentes, que ficaram 65 dias paralisados.

Houve outras duas paralisações: em 2007, contra decreto que, alegavam, tirava autonomia das universidades; e, em 2009, contra a presença da PM no campus.

De acordo com Minto, a adesão dos professores na USP é considerada "boa". "Temos unidades do interior que não costumam aderir, mas que estão paradas."


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