Folha de S. Paulo


USP entrou em crise apesar de aumento de 105% nos repasses

A USP entrou em crise financeira apesar de sucessivos aumentos de repasses, recebidos ao menos nos últimos sete anos. Os recursos subiram 105,3% de 2006 a 2013.

Os repasses provenientes do governo estadual aumentaram em todos esses anos. O acumulado ficou acima da inflação, que foi de 50%.

Só no ano passado a principal universidade do país recebeu R$ 4,4 bilhões do governo. Por decreto, ela ganha o equivalente a 5% do ICMS, principal imposto estadual.

Os repasses viraram alvo de polêmica após o ex-reitor João Grandino Rodas ter publicado artigo na Folha afirmando que a instituição enfrentou dificuldades com a diminuição do ICMS.

O secretário estadual da Fazenda, Andrea Calabi, rebateu citando dados que mostram o aumento, em outro artigo, publicado também na Folha ontem (23/5).

Os dados oficiais analisados pela reportagem mostram que, de fato, os repasses cresceram desde ao menos 2006 (primeiro ano com dados divulgados). O crescimento, porém, perdeu força nos últimos anos. Foi de 21% em 2008 e de 9% em 2013.

O atual reitor, Marco Antonio Zago, divulgou carta no mês passado dizendo que o aumento de gastos com folha de pagamento foi o principal fator para o deficit –já foi usado R$ 1,3 bilhão de reservas, o que forçou a suspensão de contratações e obras.

Conforme a Folha revelou nesta semana, os aumentos de gastos foram referendados desde 2011 pelo Conselho Universitário, órgão máximo da USP, que reúne cerca de 150 dirigentes e representantes, entre eles o atual reitor.

Ainda no artigo na Folha, o ex-reitor disse que teve de contratar pessoal devido à pressão do governo por expansão do ensino superior.

Questionado, o governo disse que "respeita a autonomia universitária, o que garante à USP independência no que diz respeito à administração e gestão de recursos". A reportagem procurou o ex-reitor Rodas, mas ele não respondeu aos recados.


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