Folha de S. Paulo


Ansiosas, mães fazem vigília à espera dos filhos no 1º dia do Enem em SP

Ansiosas com o primeiro Enem dos filhos, diversas mães optaram por acompanhá-los da ida ao término do primeiro dia de provas do exame deste sábado (26), em São Paulo. Em frente à faculdade de direito da FMU, na Avenida Liberdade, cinco mães aproveitavam a sombra de uma árvore para aliviar o calor. Eram 14h e elas ainda tinham muitas horas pela frente para esperar os filhos.

Entre elas, está a dona de casa Roseli Evangelista, 42. Ela saiu da zona leste, às 9h30, para acompanhar o desempenho da filha no exame. Tanta antecedência, diz, foi para não ver a adolescente ser barrada no primeiro dia do exame. "É a primeira vez que a minha filha faz Enem. Ela está terminando o Ensino Médio e quer cursar arquitetura por uma bolsa do Prouni".

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A professora Aparecida Themóteo é outra que espera a filha, a adolescente de 17 anos, concluir os testes.

Mãe e filha moram na Vila dos Remédios, na zona oeste de São Paulo, e chegaram à Uninove da Barra Funda, na zona sul, com meia hora de antecedência.

"Qualquer coisa ela sabe que estou aqui. Dá segurança para que ela possa se soltar lá na prova", diz. A estudante vai concorrer a uma vaga para o curso de farmácia.

Diferente de muitos que correram para conseguir chegar a tempo, atrasos, para a professora, demonstram um certo despreparo por parte dos candidatos.

"[O Enem] é uma prova que acontece uma vez por ano. Eu acho [esse atraso] um absurdo. A pessoa tem que ser responsável", afirmou.

Outra mãe que não largou da filha no primeiro dia é Aparecida Milani. Elas moram em Vila Prudente, na zona sul, e demoraram 1h20 para chegar à Uninove, onde a filha faz o exame deste ano. "Vim para fazer companhia e para ajudá-la com o trajeto", disse.

Trânsito pesado

O trânsito na Avenida Francisco Matarazzo, que dá acesso à faculdade, estava congestionado uma hora antes do início do exame, mas sem bloqueios. Na frente da universidade, vendedores ambulantes aproveitaram o calor intenso que faz neste sábado para vender lanches, água e até canetas para os candidatos.

Faltando 10 minutos para o início da prova, um aglomerado de gente passou a se concentrar na subida da Avenida Dr. Adolfo Pinto, próximo ao local de prova.

A três minutos do início, familiares que aguardavam na porta, vendedores e jornalistas começavam a gritar, em coro, para os que estavam no início da rua: "Corre, corre!". Estudantes chegavam suados à sede da Uninove e os fiscais, na porta, gritavam: "depois de passar o portão, não precisa correr!", tentando manter a ordem.

Nos últimos minutos, fiscais começaram a descer o portão, indicando que era a última chance de se entrar. Algumas pessoas entraram na Uninove se agachando por debaixo do portão. Alguns atrasados ficaram de fora por questão de segundos.

Após o fechamento do portão, vendedores de canetas tentavam garantir suas últimas vendas por entre as grades. "Só pode caneta preta, não pode azul!", diziam. Alguns atrasados protestavam na porta da universidade.

Uma mulher gritava aos funcionários: "deixem a gente fazer universidade! Vocês também são do povo, sabem que a gente precisa de trabalho!", protestou em vão.


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