Folha de S. Paulo


Reitor sugere ampliar participação de alunos nas eleições na USP

O reitor da USP, João Grandino Rodas, anunciou ontem que pretende permitir a participação direta de estudantes, professores e funcionários nas próximas eleições para reitor da universidade.

Entre as instituições paulistas, a USP é a que possui menos inserção desses grupos nas eleições.

Atualmente, professores, alunos e funcionários participam apenas indiretamente do processo, por meio de representantes em conselhos --que são os que escolhem o nome do dirigente.

Por meio de uma carta enviada à "comunidade uspiana" e à sociedade civil, Rodas apresentou um cronograma de discussões, para a formatação de uma proposta a ser analisada, em outubro, em um Conselho Universitário.

Rodas não deixa claro que a universidade deva ter eleição direta para a escolha do reitor, como pede o movimento estudantil. O reitor afirma apenas esperar participação "mais ampla" da comunidade universitária.

Na Unicamp, por exemplo, professores, funcionários e alunos são consultados (o peso do voto dos docentes é maior). A lista então é submetida ao Conselho Universitário, que pode alterá-la.

De qualquer forma, a decisão final sempre cabe ao governador do Estado, com base na lista tríplice enviada pelas universidades.

Atualmente na USP, são feitos dois turnos, sempre considerando os conselhos de representantes.

Na última eleição, o primeiro turno contou com 1.641 pessoas, e o segundo, com 325 --a maioria professores titulares. A universidade tem cerca de 120 mil membros.

Ainda não está definido se eventuais mudanças já valerão para a eleição deste ano. O mandato de Rodas acaba em janeiro, e não há possibilidade de reeleição.

Uma mudança no atual sistema pode melhorar a imagem do reitor com os alunos e também a de seu candidato na seleção --tradicionalmente reitores apoiam um candidato, ainda que não publicamente.

Rodas tem sido taxado como antidemocrático por parte do movimento estudantil. Uma das principais razões foi ter chamado a PM para atuar dentro do campus.

A democratização na universidade é uma reivindicação histórica de centros acadêmicos e de sindicatos.

Por e-mail, Rodas disse que "a questão mais importante é a participação da comunidade universitária nesse processo [de discussão da nova proposta], privilegiando a gestão compartilhada, o que se reverterá na manutenção e na melhora dos patamares de excelência que a USP tem alcançado nos últimos anos".


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