Folha de S. Paulo


'Não há identidade alemã sem Auschwitz', diz presidente alemão

O presidente da Alemanha, Joachim Gauck, afirmou nesta terça-feira (27) que os crimes do nazismo não podem ser esquecidos e que preservar a memória do Holocausto é um dever de todas as pessoas que vivem na Alemanha.

"Não há identidade alemã sem Auschwitz", disse Gauck, em Berlim, durante uma sessão solene no Bundestag (câmara baixa do Parlamento) que marcou os 70 anos da libertação do campo de concentração de Auschwitz-Birkenau. Diversos sobreviventes estiveram presentes.

Wolfgang Kumm/Efe
O presidente da Alemanha, Joachim Fauck, em discurso no Parlamento, em Berlim
O presidente da Alemanha, Joachim Fauck, em discurso no Parlamento, em Berlim

A lembrança do Holocausto faz parte da história da Alemanha e dá a todos os cidadãos do país a obrigação de "proteger e preservar aquilo que é humano."

"Enquanto eu viver, vou sofrer com o fato de a nação alemã, com sua honorável cultura, ter sido capaz dos mais monstruosos crimes contra a humanidade", afirmou Gauck, reiterando que todos os alemães são responsáveis pelo caminho que o país seguirá e que o dever moral não cessa com a lembrança.

O presidente disse que é necessário aprender com os erros do passado. "Fazemos isso quando nos opomos a todas as formas de exclusão e violência e quando oferecemos um lar seguro a todos aqueles que chegam até nós fugindo da perseguição, da guerra e do terrorismo."

Gauck exortou os alemães a manter uma sociedade de convivência pacífica entre diferentes religiões e culturas. "A sociedade na qual todos queremos viver só prospera quando a dignidade de cada um é respeitada e a solidariedade é vivida", acrescentou.

O presidente disse não compartilhar dos temores de que memória dos crimes nazistas desapareça entre as gerações mais jovens. Para ele, as novas gerações buscam novas formas de lidar com o passado.

Durante a cerimônia, o presidente do Bundestag, Norbert Lammert, afirmou que gerações posteriores não são responsáveis pelo passado, mas pela forma de lidar com esse passado. Crimes ordenados e perpetrados por um Estado não devem voltar a acontecer em nenhum lugar do mundo, disse Lammert.

Lammert reforçou que os alemães, diante de sua responsabilidade histórica, devem assumir os urgentes desafios humanitários do presente. Auschwitz é sinônimo de um "genocídio em escala industrial sem precedentes na história" e daquilo que seres humanos são capazes de fazer a outros seres humanos.

A cerimônia no Bundestag contou também com a presença da chanceler da Alemanha, Angela Merkel,

Gauck viajou para Auschwitz, onde participará da cerimônia pelos 70 anos de libertação do campo de concentração.

Entre 1940 e 1945, cerca de 1,1 milhão de pessoas foram assassinadas em Auschwitz-Birkenau, a maioria judeus. O campo foi libertado pelo Exército Vermelho (da União Soviética) em 27 de janeiro de 1945.


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