Folha de S. Paulo


Observadores da OSCE continuam desaparecidos no leste da Ucrânia

Organização perdeu contato com enviados especiais há dois dias e avalia retirar funcionários do país.

Após combates no aeroporto, Donetsk amanheceu com as ruas desertas.

Ainda não há sinal dos quatro observadores da Organização para Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) desaparecidos em meio aos conflitos no leste da Ucrânia há dois dias, declarou o enviado especial alemão da OSCE, Wolfgang Ischinger, na manhã desta quarta-feira (28/05).

"Não sabemos exatamente onde eles estão. Supomos que estejam nas mãos de um dos grupos separatistas", disse Ischinger em entrevista à emissora alemã de televisão ZDF.

O ministro dinamarquês do Comércio e Desenvolvimento, Mogens Jensen, também havia afirmado que o grupo foi detido por forças pró-Rússia.

Segundo informações da própria OSCE, a organização perdeu o contato com os quatro funcionários —da Dinamarca, Estônia, Suíça e Turquia— nesta segunda-feira à noite.

Eles faziam uma patrulha de rotina na região de Donetsk e foram detidos num posto de controle.

Desde então, não há informações sobre o paradeiro dos observadores.

Nesta terça-feira, a OSCE havia dito estar em contato com o governo e as autoridades regionais para localizar o grupo.

Para Ischinger, se o país oferecer perigo constante aos observadores da OSCE, seria necessário pensar numa retirada. O incidente não é o primeiro deste tipo.

Há cerca de um mês, outros sete integrantes da OSCE haviam sido capturados por milícias pró-Rússia e detidos na cidade de Slaviansk, também no leste da Ucrânia.

A missão conta atualmente com 210 membros não armados, com a função de se reunirem com as autoridades locais e nacionais, bem como com grupos étnicos e religiosos e organizações não governamentais.

A operação foi aprovada por todos os Estados da OSCE - inclusive a Rússia, que não autorizou, porém, o deslocamento para a Crimeia, anexada por Moscou no início de março.

CIDADE-FANTASMA

Donetsk amanheceu com a aparência de uma cidade-fantasma nesta quarta-feira, com lojas fechadas e ruas desertas após dois dias de combates com separatistas, que ocuparam o aeroporto local nesta segunda-feira.

O aeroporto internacional Sergei Prokofiev, o segundo maior do país, teve sua fachada de vidro destruída depois de o Exército ucraniano ter atacado os mais de cem militantes pró-Rússia com aviões e helicópteros.

O aeroporto permanece fechado, sem previsão de reabrir.

Nesta terça-feira, as autoridades ucranianas haviam declarado ter retomado o controle do aeroporto.

Mais de 40 pessoas morreram nos combates, incluindo dois civis. Trata-se da maior operação militar desde o início da insurgência pró-russa na região, no início de abril, que já deixou cerca de 200 mortos.

TROPAS RUSSAS

A Rússia já retirou milhares de soldados que havia enviado para áreas de fronteira com a Ucrânia, mas dezenas de milhares permanecem no local, disse um oficial da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) nesta quarta-feira.

"No momento, grande parte das forças russas enviadas anteriormente permanece nas proximidades da fronteira e continua hábil para realizar operações", disse o oficial, que não quis se identificar.


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