Folha de S. Paulo


Exposição em SP aproxima língua alemã dos brasileiros

Começando pelo A, de Arbeit (trabalho), e passando por U, de Umwelt (meio ambiente), a exposição "Alemanha de A a Z" aborda os mais variados temas relacionados à cultura do país: de futebol e culinária a nazismo, imigração turca e Muro de Berlim.

Com objetos, vídeos, textos e áudios, a exposição interativa introduz iniciantes à vida na Alemanha. "Serve como uma primeira aproximação", explica Susanne Gattaz, coordenadora educativa da mostra. Apesar de ser apenas uma introdução, "Alemanha de A a Z" não deixa de apresentar aspectos negativos da história e de certos traços culturais alemães.

Na letra O, de Ordnung (ordem), por exemplo, é possível ler um comentário crítico sobre o país: "Pesquisas mostram que três quartos de todos os alemães acima de 14 anos consideram a ordem uma virtude, mas quando se trata deles mesmos, fazem vista grossa."

Para as estudantes Beatriz e Juliane, de 15 anos, a exposição permitiu conhecer um pouco mais da Alemanha.

"Só sabíamos do nazismo, porque aprendemos no colégio. Agora deu para ver que tem muito mais coisa", disseram. Elas ficaram curiosas com a pronúncia e as músicas. "Não entendi muita coisa, mas achei legal", conta Juliane.

COMPLEMENTO À SALA DE AULA

Dezenas de estudantes enchem a sala da exposição ao longo do dia. Para o diretor do Museu da Língua Portuguesa, Antonio Carlos Sartini, as visitas escolares são importantes para levar novas informações ao público.

"Os alunos passam a ter uma compreensão diferente não só da Alemanha, mas do mundo. É um país como o Brasil, com uma enorme diversidade", diz.

Já a visitante Tânia Kuhnen, de 31 anos, acredita que a exposição deveria ser mais informativa. "Para mim, que trabalho com a língua alemã, a mostra ficou muito presa aos clichês", afirma.

A professora de alemão Maria Cristina Guedes, de 56 anos, considera que o material pode servir de apoio às aulas. "No trabalho diário abordamos mais a parte linguística, falta complementar com os costumes e a cultura."

Além dos alunos de alemão, outro público alvo são os estrangeiros que querem viver na Alemanha. Segundo Susanne Gattaz, a exposição foi inicialmente criada para circular em território alemão.

"Desde 2008, é preciso para viver na Alemanha passar em um teste de conhecimentos gerais sobre o país", explica. Algumas das perguntas dessa prova estão presentes na mostra.

IMIGRAÇÃO

Para Sartini, é "justo" que a instituição receba uma mostra sobre a Alemanha. "O museu é também sobre a nossa diversidade, a riqueza que nós herdamos de outras culturas e línguas. A palavra chope e blitz, por exemplo, são importadas da Alemanha."

Ele lembra também que a imigração alemã, especialmente no sul do Brasil, contribuiu para aumentar a influência da Alemanha na cultura brasileira. Sartini acrescenta que o museu já abrigou exposições sobre a França e o Japão.

Parte da Temporada "Alemanha + Brasil 2013-2014", a exposição é uma parceria entre o Goethe Institut e o Museu da Língua Portuguesa, instituição da Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo. No Brasil, ela já passou por Brasília, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e Curitiba.


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