Antigo cinema de rua em Ribeirão Preto (a 313 km de São Paulo), o Vídeo Clube Comodoro é um dos últimos cinemas pornôs do interior paulista. O local, que funciona durante a semana entre as 13h e as 21h, é também ponto de encontro entre homens.
São exibidos filmes de sexo heterossexual, mas serve para encontros homossexuais que acontecem na escuridão da sala de projeção ou em outras áreas do local.
A Folha visitou o local. Às 14h de uma segunda-feira, o público de 20 espectadores era formado, na maior parte, por homens de meia-idade.
No lugar das tradicionais fileiras de cadeiras de cinema, a sala de projeção tem bancos de madeira e mesas espalhadas pelos cantos.
| Edson Silva - 23.dez.2014/Folhapress | ||
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| Entrada do Vídeo Clube Comodoro, no centro de Ribeirão Preto |
Na escuridão, os homens ficam de pé e caminham de um lado para o outro em busca de encontros.
Além de beijos, os casais trocam carícias durante a exibição dos filmes.
Para o diretor da ABGLT (Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transexuais), Beto de Jesus, os cinemas pornôs, conhecidos como "cinemões", são procurados por fetiche ou por medo da exclusão social.
Jesus afirma que os cinemões se tornaram lugar de "caça" para homens após os shoppings passarem a dominar a exibição de filmes.
"Houve uma apropriação desse espaço porque ele garante o anonimato aos frequentadores, que ainda sofrem com o preconceito na sociedade", disse o ativista.
Segundo Jesus, a maioria dos frequentadores dos cinemas não assumem a vida gay na sociedade.
"Eu não vejo problema nesses locais, desde que haja prevenção e cuidados para que os frequentadores não sofram golpes [como roubos e agressões]", disse Jesus.
Em Ribeirão Preto, as práticas sexuais no cinema têm autorização dos proprietários para acontecer. Na entrada do local, há uma caixa com camisinhas à vontade.
Por telefone, a pessoa que se identifica como proprietária do cinema, mas não dá o nome nem entrevista, afirmou que há uma perseguição contra os cinemas pornô.
"É quase impossível obter alvará, tem muita gente contra nós", disse a proprietária.