Folha de S. Paulo


Ribeirão já foi a cidade do interior com mais salas

No momento áureo do cinema, entre as décadas de 1950 e 1960, Ribeirão Preto (a 313 km de São Paulo) foi a cidade do interior paulista com mais cinemas de rua.

Segundo pesquisadores e profissionais do ramo ouvidos pela Folha, o município chegou a ter 23 cinemas de rua desde que o primeiro, o Cine Áurea, foi inaugurado.

Antes de chegar ao centro, os cinemas ficavam nos bairros mais tradicionais, como Ipiranga, Vila Tibério, Vila Virgínia e Campos Elíseos.

"Os cinemas eram luxuosos. As pessoas respiravam aquela cultura", afirma Carlos Eduardo da Silva, 53, operador cinematográfico do Cine Clube Cauim.

Depois dos bairros, os cinemas migraram para a região central, como os cines Plaza, Bristol e Comodoro.

O declínio dos cinemas de rua começou no final dos anos 1980, com a chegada do VHS e a inauguração do primeiro shopping na cidade.

"Diziam que os shoppings eram mais seguros", diz o empresário João Mello Rodrigues, 54, que trabalha com cinema desde os nove anos de idade. Foi a partir desse momento, para ele, que o cinema se tornou "elitizado", diminuindo o seu público.

Muitos dos prédios dos cinemas foram comprados por igrejas evangélicas -a sala, espaçosa, é considerada ideal para cultos. Fernando Kaxassa, fundador do Cauim, disse que sofre assédio de compradores até hoje.

De grandes e luxuosas, com arquitetura requintada, as salas de cinema tendem a ser cada vez menores e mais tecnológicas, segundo Maximo Barro, professor de cinema da Faap (Fundação Armando Álvares Penteado).


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