Folha de S. Paulo


Interior de São Paulo vira 'cemitério' de vagões de trem

Em meio a um matagal da pequena Iperó (a 126 km de São Paulo), no interior paulista, 67 vagões de trem abandonados já fazem parte do cenário do bairro George Oetterer.

Jogados às margens da linha férrea, estão enferrujados, pichados e abrigando usuários de drogas.

A situação de abandono do patrimônio ferroviário, no entanto, não ocorre só na cidade. Iperó é só um dos locais que abrigam autênticos "cemitérios" de vagões de trem.

A Folha detectou o problema também em cidades como São José do Rio Preto (a 438 km de São Paulo), Tanabi (a 477 km), Catanduva (a 385 km) e Santa Adélia (a 371 km).

Em Iperó, na região de Sorocaba, os vagões estão às margens de um acampamento de sem-teto. Sem vigia, o local é usado como "campo de treino" por pichadores.

Segundo a prefeitura, 300 vagões já foram retirados da cidade e, os restantes, devem ser removidos em janeiro.

A estimativa da ANTF (Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários) é que haja 12.800 vagões e locomotivas obsoletos em pátios e malhas ferroviárias do país.

Em São Paulo, o Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) diz ter 1.043 vagões não operacionais sob sua responsabilidade.

A região de São José do Rio Preto tem, ao menos, 50 vagões abandonados ao lado de trilhos que foram invadidos por moradores de rua e usuários de drogas.

Também têm acumulado água parada, o que amplia o risco de transmissão de dengue.

"Muitas vezes, fecha-se um acordo e os vagões viram sucata, destruindo não só um material caro, mas às vezes de importância histórica", disse o pesquisador Ralph Giesbrecht.

Foi o que ocorreu em Bebedouro (a 381 km de São Paulo) –30 vagões foram destruídos em abril.

Em Catanduva, cinco vagões, abertos e pichados, estão abandonados próximo à Estação Cultura, no prédio da antiga estação ferroviária.

Mais 20 vagões estão abandonados em Ecatu, distrito de Tanabi. Como foram deixados ao longo da linha férrea desativada desde a década de 90, estão totalmente enferrujados e deteriorados.

O secretário de Serviços Gerais de Tanabi, Elio Leôncio, disse que a ALL (América Latina Logística) prometeu fazer a remoção, o que ainda não ocorreu.

Em Rio Preto, no Parque Industrial, estão parados cerca de 30 vagões deteriorados –12 fazem parte do comboio que atingiu casas do bairro e matou oito pessoas em novembro de 2013.

A prefeitura alega ter pedido a remoção.


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