Folha de S. Paulo


Emprego da indústria na região de Ribeirão Preto tem pior mês do ano

Economia em queda, inflação e a crise do setor sucroenergético influenciaram na queda do emprego na indústria pelo segundo mês consecutivo na região de Ribeirão Preto (a 313 km de São Paulo), segundo os especialistas.

Segundo dados da pesquisa mensal da Fiesp/Ciesp (Federação e Centro das Indústrias do Estado) divulgada nesta terça (16), novembro teve o pior resultado de todo o ano, com o fechamento de 8.450 postos de trabalho.

A queda é quatro vezes maior do que em novembro do ano passado, quando 1.920 vagas foram fechadas.

O resultado deste mês puxou o acumulado do ano para baixo e deixou 2014 com o saldo negativo de 402 vagas.

As cinco cidades da região avaliadas na pesquisa tiveram resultado negativo.

A pior queda foi em Franca (a 400 km de São Paulo), com 3.100 postos fechados. O setor mais afetado foi o da indústria calçadista.

O presidente do Sindifranca (Sindicato da Indústria de Calçados de Franca), José Carlos Brigagão do Couto, disse que as demissões de fim de ano foram antecipadas.

"Há uma sazonalidade na indústria calçadista, mas neste ano isso foi antecipado."

Ainda de acordo com Couto, a crise deve se estender pelo próximo ano e o setor deve continuar registrando saldos negativos de emprego.

Silva Júnior - 13.jun.2014/Folhapress
Usina de cana-de-açúcar em Sertãozinho, uma das cidades que fechou postos de trabalho
Usina de cana-de-açúcar em Sertãozinho, uma das cidades que fechou postos de trabalho

Na sequência, Sertãozinho (a 333 km de São Paulo) fechou 2.400 vagas de trabalho. A cidade, conhecida por produzir máquinas e equipamentos para usinas, é fortemente atingida pela crise do setor sucroenergético.

Segundo Carlos Roberto Liboni, secretário local da Indústria e Comércio, parte do resultado negativo foi influenciado pela antecipação do fim da safra da cana-de-açúcar, consequência também da seca recorde que atingiu a região ao longo do ano.

No município, a queda de empregos afeta a economia e também derruba a arrecadação de impostos.

Araraquara (a 273 km de São Paulo) teve retração de 1.750 vagas de emprego.

Segundo o diretor regional do Ciesp em Araraquara, Ademir Ramos da Silva, os setores têxtil e alimentício foram os que mais demitiram.

Para ele, há uma retração no poder de compra da população que atinge a indústria.

Ainda entre as cidades avaliadas, São Carlos (a 232 km de São Paulo) fechou 1.050 vagas e Matão (a 305 km), 150.

"A indústria de todo o país vem sendo atingida pela crise econômica", disse o economista da Uni-Facef (Centro Universitário de Franca), Hélio Braga Filho.

Segundo ele, há excesso de carga tributária e baixo nível de inovação que impede o crescimento da indústria.

Para Edgard Monforte Merlo, docente da FEA-RP (Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto), da USP, o primeiro semestre de 2015 ainda deverá ser um período de crise.

"É preciso ter ajustes para que o quadro comece a reverter", disse Merlo.


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