Folha de S. Paulo


Operação prende quadrilha que vendia agrotóxico falsificado em 7 Estados

Uma quadrilha que comercializava agrotóxicos falsificados foi presa nesta sexta (5) em Franca (a 400 km de São Paulo). A estimativa é de que eles faturavam até R$ 10 milhões por mês com a venda dos produtos ilegais.

A Operação Lavoura Limpa, feita pela Polícia Civil e pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial em Repressão ao Crime Organizado), prendeu 26 de 31 pessoas suspeitas de integrarem a quadrilha. Seis delas são apontadas como líderes do grupo.

Além de milhares de galões vazios e rótulos falsificados, a polícia apreendeu 30 veículos –entre eles carros de luxo–, 20 motos, um caminhão, uma lancha e duas motos aquáticas. Os itens apreendidos estão calculados em R$ 20 milhões.

Até o final da tarde desta sexta, quatro pessoas não haviam sido localizadas e uma conseguiu fugir da polícia.

De acordo com Paulo Radunz Júnior, promotor do Gaeco, o grupo começou a ser investigado há cinco meses, após denúncias de falsificação dos defensivos agrícolas.

Com interceptações telefônicas autorizadas pela Justiça e a identificação de um laboratório clandestino em Franca, os promotores obtiveram mandados de prisão.

De acordo com o promotor, a quadrilha usava substâncias furtadas ou sem comprovação de eficácia no combate às pragas e reproduzia embalagens e rótulos utilizados por grandes multinacionais do ramo.

"Eles produziam integralmente o que vendiam, os galões, rótulos, selos de segurança da Anvisa [Agência Nacional de Vigilância Sanitária], número do lote e o suposto agrotóxico", disse.

Ainda conforme o promotor, um dos suspeitos de envolvimento no esquema é formado em agronomia. Ele seria responsável por indicar quais substâncias poderiam simular as características visuais dos produtos originais.

Segundo Leopoldo Gomes Novaes, delegado responsável pela operação, os agrotóxicos eram comercializados principalmente nas regiões norte de São Paulo e sul de Minas Gerais.

Também foram descobertas comercializações com lojas e empresas de Mato Grosso, Rio Grande do Sul, Paraná, Bahia e Pernambuco.

Segundo Novaes, os produtos eram fabricados em dois laboratórios ilegais em Franca e Cristais Paulista (a 414 km de São Paulo).

A quadrilha tinha empresas de fachada, que emitiam as notas fiscais dos produtos falsificados.

De acordo com o promotor, os principais prejudicados com os produtos são os agricultores. A perícia da Polícia Civil deve identificar se as substâncias também podem prejudicar a saúde dos consumidores dos alimentos.

"Eles usavam os agrotóxicos e mesmo assim tinham perdas na lavoura, porque os produtos não funcionavam. Só não sabemos ainda se as substâncias são danosas para quem consumiu esses alimentos", disse o promotor.

O Sindiveg (Sindicato Nacional de Produtos para Defesa Vegetal) informou que alguns agricultores podem ter perdido a lavoura inteira com produtos falsos.


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