Folha de S. Paulo


Após calote, lixo se acumula em vias de ao menos dez bairros de Ribeirão

Sem receber da Prefeitura de Ribeirão Preto (a 313 km de São Paulo) o pagamento integral pelos serviços de coleta de lixo, a empresa Estre Ambiental deixou de atender pelo menos uma dezena de bairros da cidade nos últimos três dias.

Na manhã desta quinta (4), as calçadas amanheceram cheias de sacos de lixo, causando transtornos à população, em bairros como Lagoinha, Parque São Sebastião, Vila Abranches, Palmares e Cidade Universitária, além da região central da cidade.

A Estre confirmou em nota que o serviço está prejudicado por falta de recursos.

De acordo com o Ministério Público Estadual, a administração da prefeita Dárcy Vera (PSD) deve R$ 35 milhões à empresa, que na última semana procurou a Promotoria por causa do calote.

No condomínio Village de France, na Lagoinha, onde há 230 casas, o lixo não foi recolhido na quarta e acumulou com o do dia seguinte.

Edson Silva/Folhapress
Calçada 'interditada' por sacos de lixo na rua Francisco de Almeida, no Pq. São Sebastião
Calçada 'interditada' por sacos de lixo na rua Francisco de Almeida, no Pq. São Sebastião

A gerente do condomínio, Rosalina Santos, 48, disse que fez três ligações para o número 156 da prefeitura, uma delas na presença da reportagem da Folha. Em todas as vezes, a alegação que Rosalina ouviu dos atendentes foi a de que o serviço estava funcionando normalmente.

O lixo acabou sendo recolhido no início da tarde, após a quarta ligação da gerente.

Na Vila Abranches, a sujeira também ficou acumulada pelas calçadas do bairro.

O bairro inteiro está assim, com lixo acumulado, afirmou Adriana Antônio Nemer, 37, funcionária de um condomínio.

O mesmo aconteceu na Vila São Sebastião. "Estranhei bastante porque isso não é comum acontecer por aqui", disse a aposentada Olímpia Theodoro de Oliveira, 70.

Nos dois bairros, até o final da tarde de quinta, o lixo ainda não havia sido recolhido.

No centro da cidade, segundo moradores, o serviço, que é feito diariamente, não foi realizado na noite de quarta-feira e, no dia anterior, foi feito com atraso e com apenas dois funcionários um motorista e um coletor.

Depois de a Estre procurar o Ministério Público por causa da dívida de R$ 35 milhões, um acordo foi assinado para que o montante fosse quitado em cinco parcelas mensais, entre dezembro e março do ano que vem.

Porém, a prefeitura não efetuou integralmente o pagamento da primeira parcela. Segundo a Promotoria, a dívida é resultado da falta de pagamento de serviços prestados ao longo de 2014.

Só neste ano, o governo Dárcy deve R$ 64 milhões a fornecedores e prestadores de serviço, que devem receber apenas em 2015.


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