Folha de S. Paulo


Prefeita de Ribeirão Preto só deve pagar fornecedores em 2015

Com atrasos nos pagamentos que chegam há 11 meses –ou todo este ano–, fornecedores da Prefeitura de Ribeirão Preto (a 313 km de São Paulo) somente devem receber em 2015.

São empresas de alimentos e asfalto e prestadores de serviço que, por decisão da prefeita Dárcy Vera (PSD), ficaram sem receber para que outras empresas, que prestam serviços considerados essenciais, tivessem o pagamento priorizado.

A administração enfrenta uma crise financeira com descontrole dos gastos e queda na arrecadação, o que a fez acumular uma dívida de R$ 64 milhões com fornecedores e prestadores de serviço.

Para evitar prejuízos aos serviços essenciais, de janeiro até esta sexta-feira (28), 687 pagamentos já tiveram a ordem cronológica alterada para que tivessem prioridade no pagamento.

Benedito Nibi Ribeiro, presidente do Sindicato das Indústrias Panificadoras de Ribeirão, disse que algumas das empresas estão há mais de três meses sem receber pelos serviços prestados –algumas fornecedoras de alimentos para a merenda escolar.

"A prefeitura está com problema, mas as empresas estão acumulando prejuízo. Elas só não param de fornecer por temerem represálias, como fiscalizações e suspensão de alvarás", disse.

A expectativa dos fornecedores não é animadora, segundo Ribeiro, e eles só esperam receber no próximo ano.

Márcia Ribeiro - 5.set.2014/Folhapress
Pai e criança saem da creche Pingo de Leite, conveniada com a Prefeitura de Ribeirão Preto
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"A gente sabe que todo o dinheiro da prefeitura agora só vai para a folha de pagamento dos servidores", disse.

Donizete Máximo, proprietário de empresa responsável pela montagem de cenários e operação de som nos teatros Municipal e de Arena, não recebe desde janeiro.

O valor do calote chega a R$ 420 mil.

Máximo disse que já foi informado pela prefeitura que neste ano não receberá o valor devido.

Ele disse que não sabe como manterá as operações nos teatros –com atrações programadas até 27 de dezembro– sem pagamento.

A empresa responsável pela limpeza do Teatro Municipal, que também está sem receber há ao menos três meses, só deve ser paga em 2015.

O mesmo ocorre com uma das empresas que fornece o material usado pelas equipes do tapa-buraco na pavimentação.

De acordo com a direção da empresa Casa do Asfalto, há cinco meses a prefeitura não paga o que deve.

Os responsáveis pela empresa, que é de Marialva (PR), estiverem em Ribeirão nesta semana para tentar um acordo com a prefeitura. No entanto não conseguiram garantir o pagamento.

Com o repasse de novembro atrasado, as 25 creches conveniadas à prefeitura já foram informadas que o pagamento de dezembro também atrasará, totalizando uma dívida de R$ 2,5 milhões.

A expectativa é que recebam até o fim de dezembro para que não haja atraso nos salários dos professores.


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