Folha de S. Paulo


Seca ameaça 'expulsar' pescadores do rio Grande, em vila de Colômbia (SP)

Famílias que vivem da pesca em Colômbia (a 467 km de São Paulo), cidade de 6.000 habitantes na divisa com Minas Gerais, já pensam deixar o local se a seca continuar no rio Grande.

Na vila de pescadores Porto Bambu, cerca de 20 famílias vivem da pesca. Em toda a cidade são 200 cadastrados, segundo a prefeitura.

Parte deles planeja ir embora caso a chuva não venha após o período da piracema –época de reprodução dos peixes, quando a pesca é proibida para algumas espécies.

A piracema termina em fevereiro. Se o rio Grande não encher, muitos devem partir para o rio Tietê, na região de Botucatu (a 238 km de São Paulo) e Santa Maria da Serra (a 217 km de São Paulo), interior do Estado.

Com o rico seco neste ano, a dificuldade enfrentada pelos pescadores ocorre porque, quando jogam a rede, ao invés de pegarem peixes, apanham muito lodo e galhos, que são comuns neste rio.

O nível de água, normalmente com 14 metros de profundidade, não chega a dois em determinados trechos.

Muitos dizem que nunca viram o rio Grande tão seco como agora.

Edson Silva/Folhapress
Árvores que deveriam estar submersas no rio Grande, na divisa entre SP e MG, em Guaraci
Árvores que deveriam estar submersas no rio Grande, na divisa entre SP e MG, em Guaraci

"Estou aqui há mais de 20 anos. É triste ver o rio assim", disse o pescador Manoel Thomaz de Araújo.

Diante da situação, os pescadores passaram a disputar os melhores locais para pesca. Muitos navegavam cerca de 60 quilômetros de distância da vila onde moram.

O pescador Romão Cassiano de Lima disse que normalmente pescava entre 80 quilos e 100 quilos de peixe por dia. Neste ano, não conseguiu mais do que 30 quilos.

O baixo nível do rio também dificultou a navegação.

O pescador Frank Rodrigues de Araújo afirmou ter tido um prejuízo de R$ 2.000 com o motor do barco que quebrou ao bater nas pedras.

Em Guaraci (a 459 km de São Paulo), cidade próxima e cortada pelo rio Grande, os pescadores também tiveram um ano ruim. Mas não planejam deixar o local.

A pescadora Márcia Maria Sala de Oliveira perdeu sua rede de pesca porque a quantidade de lodo era tanta que não conseguiu tirá-la do rio.

"As redes são caras, este ano foi bem complicado."

A superintendente de Meio Ambiente de Colômbia, Maria Inácia Macedo Freitas, afirmou que situação do rio neste ano é preocupante, mas que os pescadores têm recebido assistência da prefeitura.

"Nós ajudamos essas famílias", disse.

Segundo a superintendente, diferentemente do passado, o município hoje não depende da pesca.

"Temos os seringais e os laranjais, que são as principais fontes de trabalho da cidade", afirmou.


Endereço da página: