Folha de S. Paulo


Daerp diz que acabará com vazamentos em 6 meses em Ribeirão

Sem conseguir atender a demanda, o Daerp (Departamento de Água e Esgotos de Ribeirão Preto) vai contratar uma empresa para reparar vazamentos de água e promete, com a medida, acabar com o problema em seis meses.

A iniciativa é polêmica. A direção do Sindicato dos Servidores Municipais de Ribeirão Preto (a 313 km de São Paulo) é contra a terceirização dos serviços e teme que a contratação da empresa seja o início do caminho para uma privatização do Daerp.

Na última quarta-feira (19), o departamento publicou um edital no "Diário Oficial" para uma contratação de preços para a ação. A estimativa de custos dos serviços é de cerca de R$ 14 milhões.

Segundo o superintendente da autarquia, Marco Antonio dos Santos, a licitação –que terá validade de um ano– vai atender uma demanda reprimida do departamento de água e esgotos.

Santos afirmou que são cerca de 3.000 vazamentos não resolvidos que se acumularam na fila do conserto e que o Daerp não tem capacidade para atender.

Além disso, a demanda diária de novos pedidos é o dobro da capacidade de atendimento do Daerp.

O superintendente disse que a contratação da empresa irá equilibrar este deficit e regularizar o serviço prestado pelo departamento.

"Não é só esta medida que estamos fazendo, também estamos chamando os concursados. Contratamos 50 encanadores", afirmou.

"Não há risco para os funcionários. Isto é uma tomada de preços que não poderá ser renovada", disse Santos.

Edson Silva - 21.nov.2014/Folhapress
Vazamento de água em rua da Vila Tibério, em Ribeirão
Vazamento de água em rua da Vila Tibério, em Ribeirão

Para o vice-presidente do sindicato, Laerte Carlos Augusto, o Daerp poderia, ao invés de contratar uma empresa para fazer os consertos, efetivar concursados.

Augusto questiona também a eficácia da medida.

Para ele, a manobra é paliativa e não resolve de forma permanente os problemas do departamento. "Os vazamentos voltarão a acontecer, e como farão, chamaremos novamente outros terceirizados?"

O sindicato e o Daerp realizaram uma reunião na última semana sobre o assunto.

"Teremos uma outra conversa com os servidores do Daerp para decidirmos que medida tomar, caso a prefeitura insista com a contratação", afirmou Augusto.

A nova reunião deve ser realizada nesta segunda-feira (24) no sindicato.

O especialista em administração pública pela Unicamp, Marcelo Monteiro, diz que uma terceirização emergencial não oferece risco aos funcionários contratados.

"Se chegou a esse ponto, não há o que fazer. Agora, é preciso investigar a negligência que deixou a situação ficar desta forma", disse.

Além disso, para Monteiro, a terceirização de serviços não pode ser rotina dentro da autarquia, já que gera altos custos para a administração.

"Isto é uma falta de planejamento muito grande e o problema só aparece agora por causa da estiagem."


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