Folha de S. Paulo


Morador de rua, prostituição e droga resistem na Baixada, em Ribeirão

Antonio Morello, comerciante há 40 anos na região da Baixada, no centro de Ribeirão Preto (a 313 km de São Paulo), define o local como "terra de ninguém".

A população que circula por ali esbarra em garotas de programa, moradores de rua, usuários de drogas e vendedores ambulantes.

Os poucos comerciantes da região reclamam dos problemas, uma espécie de ciclo diário que se arrasta há pelo menos 30 anos sem solução.

A prefeitura não tem um plano forte de revitalização da área, com retomada da ocupação, e as tentativas feitas até agora fracassaram.

Com isso, a Baixada segue como uma região cada vez mais isolada, problemática e desvalorizada por moradores e pelo setor privado.

Para o arquiteto Cláudio Henrique Bauso, o centro de Ribeirão sofre uma processo de desertificação e precisa ser ocupado imediatamente.

MOVIMENTO

As garotas de programa ficam nas calçadas, em frente aos comércios, em plena luz do dia. Afirmam que o ponto é um bom local de trabalho.

"Tem muito mais meninas do que antes. O serviço está mais profissional", disse uma garota de programa, que faz ponto no local há oito anos.

A Baixada também é território de moradores de rua, que usam álcool e drogas, e dormem nas calçadas, atrapalhando os pedestres.

Edson Silva/Folhapress
Moradora de rua caminha por rua da Baixada, em Ribeirão
Moradora de rua caminha por rua da Baixada, em Ribeirão

De acordo com a prefeitura, cerca de 500 pessoas em situação de rua passam por Ribeirão a cada ano.

O ponto de abrigo dos moradores à noite é o espaço entre o CPC (Centro Popular de Compras) e o Mercadão.

Quando o dia começa, eles são expulsos do local pelos comerciantes. A área precisa ser higienizada para eliminar o forte cheiro de urina.

Segundo o administrador do CPC, Laerte Muniz de Lima, houve a proposta de construção de uma guarita entre os dois prédios. "Mas a prefeitura não aprovou. Não há o que fazer", disse.

"Eles [moradores de rua] entram aqui, pedem comida para quem está na mesa", disse Paulo Moreira Meirelles, dono de uma lanchonete dentro do centro popular.

Para o administrador do Mercadão, Cesar Augusto Teodoro, apesar do problema crônico, há "respeito" com os comerciantes. "É muito difícil ter furto aqui", disse.

A Baixada também é atrativa para vendedores informais, que têm como principais clientes os passageiros que saem da rodoviária.

Eles dizem que, na região da Baixada, o risco de ter mercadoria apreendida é menor. "No centro é pior", disse José Antonio da Costa.


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