O Tribunal de Justiça condenou a Prefeitura de Ribeirão Preto (a 313 km de São Paulo) a pagar R$ 20 mil de indenização por danos morais a uma mulher que sofreu um aborto após ter um DIU (dispositivo intrauterino) mal implantado em um centro de saúde e não conseguir atendimento por causa de uma greve, em 2005.
De acordo com a Defensoria Pública do Estado, a assistente técnica Dayana Cristina Tomaz, na época com 18 anos, começou a sentir dores após implantar o DIU, não conseguiu ser atendida por causa de uma greve e acabou internada com hemorragia no Hospital das Clínicas da USP Ribeirão.
Na unidade, ela foi informada de que estava grávida há 17 semanas. Segundo a defensoria, o bebê ainda estava vivo quando a assistente técnica deu entrada no hospital, mas morreu no mesmo dia. Dayana teve uma infecção e quase precisou retirar o útero. Ela deixou o hospital após três dias de internação.
Por meio de sua assessoria, a prefeitura informou que foi notificada da decisão e que vai recorrer da decisão. Dayana não foi localizada nesta quinta-feira (20) para comentar o assunto.
PEREGRINAÇÃO
Antes de chegar ao Hospital das Clínicas, a vítima fez uma verdadeira peregrinação por atendimento médico.
Quando começou a sentir dores, Dayana procurou o médico que havia implantado o DIU, segundo a Defensoria Pública.
Com a suspeita de que o dispositivo não estava bem posicionado, ele solicitou uma ultrassonografia transvaginal.
No entanto, de acordo com a instituição, Dayana não conseguiu ser atendida por causa de uma greve que acontecia no serviço público na época.
Na semana seguinte, tentou fazer um ultrassom em outra unidade de saúde, mas teve o mesmo problema.
Com fortes dores, Dayana tentou passar por exame em um laboratório, mas foi informada que precisaria de uma guia médica diferente. A demora fez com que guia inicial, emitida pelo médico, vencesse.
Só então ela conseguiu ser atendida no Hospital das Clínicas. Além da hemorragia, ela sentia dores nas costas, tremores e estava com rompimento da bolsa.