Folha de S. Paulo


Cidades da região esperam R$ 1 bi com 13º, mas vendas devem crescer pouco

O pagamento do 13º salário, que começa a ser efetuado neste mês, deve injetar cerca de R$ 1 bilhão na economia dos municípios da região de Ribeirão Preto (a 313 km de São Paulo). Apesar disso, a expectativa é que as vendas cresçam pouco.

Ribeirão Preto, São Carlos (a 232 km de São Paulo) e Araraquara (a 273 km de São Paulo) esperam R$ 945,9 milhões, montante superior ao de 2013. No entanto, o valor não deve ser suficiente para superar a cautela do comércio diante do desaquecimento das vendas.

Lojistas afirmam que devem reduzir o estoque de mercadorias para o Natal e também o número de funcionários temporários em relação a anos anteriores.

Para economistas, apesar do aumento do montante do 13º na região, a maior parte do salário será destinado ao pagamento de dívidas e não às compras.

"Será um Natal das lembrancinhas. As pessoas vão comprar, mas gastarão menos", disse Jaime Vasconcellos, economista do Sincomércio (Sindicato do Comércio) de Araraquara.

Silva Junior/ Folhapress
Dona de uma loja de calçados, Sandra Gomes, fez liquidação porque estoque estava alto
Dona de uma loja de calçados, Sandra Gomes, fez liquidação porque estoque estava alto

Para Ribeirão, a estimativa é que o 13º movimente R$ 537,9 milhões, segundo a Acirp (Associação Comercial e Industrial de Ribeirão). O valor é 6,29% maior que o de 2013 -de R$ 505,4 milhões.

Já em Araraquara, a expectativa é de R$ 192,2 milhões. Em São Carlos, estão previstos R$ 215,6 milhões. Os aumentos são de 2,41% e 0,3%, respectivamente, em relação ao ano anterior, de acordo com o Sincomércio.

A comerciante Elisabete Rosa, proprietária de oito lojas de roupa com fabricação própria em Ribeirão, disse que colocou "o pé no breque" na produção.

"O movimento do ano passado já foi fraco. Em anos anteriores, em agosto já contratava temporários para a fábrica", disse. A comerciante vai reduzir pela metade o número de trabalhadores extras.

Editoria de Arte/Folhapress

Sandra Gomes, dona de uma loja de calçados em Ribeirão, fez uma liquidação em outubro para vender a mercadoria de dezembro de 2013 que ainda estava estocada. "Não tinha lugar para receber a nova coleção", disse.

O economista do Sincovarp (Sindicato do Comércio Varejista de Ribeirão Preto), Marcelo Bosi Rodrigues, afirmou que o aumento nas vendas em setembro deste ano, comparado com o mesmo mês de 2013, foi de apenas 0,61%.

"A Copa do Mundo não trouxe benefício algum e as eleições causaram instabilidade", disse Rodrigues. "O empresário fica inseguro."

INADIMPLÊNCIA

Segundo os especialistas, a inadimplência na região aumentou nos últimos anos, em função da redução de impostos na compra de carros e eletrodomésticos. Por isso, a maior parte do 13º salário deve ser "consumida" para o pagamento dessas dívidas.

"O país não investiu para manter esse consumo aquecido. As pessoas compraram e agora têm de pagar", afirmou Vasconcellos.


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