Folha de S. Paulo


Superintendente se afasta do Santa Lydia, em Ribeirão, após demissão de médicos

A Prefeitura de Ribeirão Preto (a 313 km de São Paulo) anunciou nesta quinta-feira (6) o afastamento, por 60 dias, do superintendente do hospital Santa Lydia, Ariclenes Garcia da Silva, e que fará uma auditoria nas contas e operações financeiras da unidade de saúde.

Municipalizado há três anos, o hospital enfrenta crise financeira.

O afastamento aconteceu depois que 19 médicos da equipe de ortopedia do hospital pediram demissão por atraso no pagamento, na última segunda-feira (3).

O órgão recebe recursos da prefeitura e é o principal parceiro do município no atendimento da rede pública em Ribeirão Preto.

O atraso nos pagamentos, segundo a direção do próprio hospital, ocorreu por problemas de fluxo de caixa, já que o município estava com os repasses em dia.

Depois da demissão do grupo de funcionários, os atendimentos foram suspensos e os pacientes que procuravam o hospital eram orientados a procurar outras unidades de saúde.

A equipe fazia uma média de 2.000 consultas por mês, segundo um dos profissionais que se afastaram, e o Ministério Público informou que a falta de atendimento pode ser questionada na Justiça.

Edson Silva - 1.ago.2013/Folhapress
O superintendente do hospital Santa Lydia, Ariclenes Garcia da Silva
O superintendente do hospital Santa Lydia, Ariclenes Garcia da Silva

O formato da auditoria não foi divulgado, mas deve avaliar de que forma a instituição aumentou as dívidas nos últimos anos.

De acordo com a administração, Silva pediu afastamento depois de reunião com a prefeita Dárcy Vera (PSD) na manhã desta quinta-feira.

Os 60 dias de afastamento serão o tempo para análise nas contas do hospital, municipalizado em 2011 após doação do setor privado.

Na municipalização, o Santa Lydia já tinha dívidas de R$ 5 milhões com custeio e pendências trabalhistas.

A municipalização do hospital era uma bandeira política da prefeita para supostamente melhorar a qualidade da saúde.

A Fundação Santa Lydia, entidade privada gestora do hospital, também fornece profissionais terceirizados para as unidades de saúde de Ribeirão Preto.

A dívida do hospital saltou para R$ 9 milhões desde 2011, segundo a direção do Santa Lydia. Silva ainda não se manifestou sobre o afastamento.

Segundo o hospital, ele deixou a cidade à tarde, após se reunir com Dárcy.

Por meio de nota, o Santa Lydia informou que todos os questionamentos sobre o assunto devem ser respondidos pela prefeitura.

O substituto interino nomeado é Luiz Antônio da Silva, superintendente do Sassom (Serviço de Assistência à Saúde dos Municipários) e do IPM (Instituto de Previdência dos Municipários).

Ele se afastará do último cargo durante a auditoria.

A Folha procurou Dárcy para comentar o assunto no início da noite desta quinta-feira, mas não houve resposta de sua assessoria de comunicação.


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