Folha de S. Paulo


Colegas de escola fazem homenagem a menino morto pelo pai em Ribeirão

Colegas de escola prestaram uma homenagem nesta quinta-feira (6) ao adolescente de 12 anos morto pelo pai de 49 anos nesta quarta-feira (5) em Ribeirão Preto (a 313 km de São Paulo).

Segundo a Polícia, após cometer o crime contra Jonathan Bidoia Neres, o pedreiro Jurandir Ferreira Neres foi linchado por moradores da favela onde moravam e morreu devido aos ferimentos causados na cabeça por martelo.

Cerca de cem estudantes compareceram ao velório do adolescente, que acontece no quintal de um bar próximo à casa onde morava com o pai. Cartazes, fotos e cartas fazem parte da homenagem dos colegas.

O corpo da vítima será enterrado no início da tarde desta quinta no cemitério Bom Pastor. O corpo do pai também será enterrado no local. A mãe do adolescente, Valdete Aparecida Bidoia, não quis dar entrevistas.

Reprodução
Jonathan Bidoia Neres, 12, que foi morto pelo pai, Jurandir Ferreira Neres, em Ribeirão Preto
Jonathan Bidoia Neres, 12, que foi morto pelo pai, Jurandir Ferreira Neres, em Ribeirão Preto

Segundo a avó materna, Angela Aparecida Bidoia, 65, o menino recolhia material reciclável do lixo para ajudar o pai em casa. Ao mesmo tempo, porém, segundo ela, o pedreiro agredia o filho quando fazia uso de álcool e drogas.

"Ele [pai] já foi preso por tentativa de homicídio e agressão. Foi o demônio que fez isso. Ele sempre batia nas crianças. Era uma relação complicada. A exceção era quando ele estava sóbrio", disse.

Colegas da escola onde o menino estudava –ele estava no 7º do ensino fundamental– afirmaram que sua presença na escola não era constante. Mas que Johathan era querido por todos.

CRIME

O corpo do homem foi encontrado com o rosto desfigurado, depois de os vizinhos terem invadido a residência e o agredido.

O menino chegou a ser levado para a UBDS (Unidade Básica Distrital de Saúde) Sumarezinho, mas já chegou morto ao local.

Jurandir morreu na hora.

O menino tinha perfurações pelo corpo, enquanto o corpo do pedreiro apresentava graves ferimentos, principalmente na cabeça.

Na residência foram encontrados um martelo -provavelmente utilizado como ferramenta de trabalho do homem- e uma faca.

Os dois objetos, que foram apreendidos, podem ter sido usados tanto na morte do menino quanto na morte do pai.

Uma das irmãs do menino afirmou que o garoto morava com o pedreiro e mais outro irmão ao lado da casa onde a mãe residia.

Ela afirmou que o garoto sempre era agredido pelo pai, mas nunca houve denúncias à polícia, e que o pedreiro era usuário de drogas e álcool.

No boletim de ocorrência registrado pela Polícia Civil, consta que Jurandir Ferreira chegou em casa falando "coisas desconexas, se dizendo perseguido e que estaria jurado de morte".

O delegado Luciano Henrique Cintra afirmou que ele sofreu um surto psicótico.

A irmã de Jonathan, por parte de mãe, disse à Folha que essas alterações de comportamento eram constantes.

No momento da confusão um irmão de Jonathan e também filho de Jurandir, de 10 anos, que morava com os dois, conseguiu fugir.

De acordo com vizinhos, ele também poderia ter sido vítima do pedreiro. Moradores da favela devem ser ouvidos ainda nesta semana.


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