Folha de S. Paulo


Creches de Ribeirão Preto devem fechar 300 vagas em 2015

A crise financeira da Prefeitura de Ribeirão Preto (a 313 km de São Paulo) passou a afetar entidades conveniadas ao município, que deverão fechar ao menos 300 vagas para crianças de creche e pré-escola no ano que vem.

O governo mantém convênios com 25 entidades assistenciais, ligadas à educação, como alternativa à falta de vagas nas escolas municipais.

Em nota, a prefeitura informou que não foi comunicada oficialmente sobre a decisão das entidades.

Os problemas são os recorrentes atrasos nos repasses, registrados desde agosto.

De acordo com Maurício Gumiero, presidente da Unep (União das Entidades Particulares de Ribeirão Preto), os meses de agosto a outubro foram parcelados. O mês de outubro deverá começar a ser pago nesta quinta-feira (23), em três vezes.

"Temos salários de professores a pagar, todo quinto dia útil do mês", disse Gumiero.

Por isso, segundo ele, presidentes de entidades estão recorrendo a empréstimos bancários para não atrasar os salários de docentes.

Silva Júnior - 11.set.2014/Folhapress
 Miriam Nessias de Souza, que não consegue vaga em creche de Ribeirão para a sua filha, Maria Eduarda
Miriam Nessias de Souza, que não consegue vaga em creche de Ribeirão para a sua filha, Maria Eduarda

Na creche Sonho Real, no Tanquinho, o repasse da prefeitura arca com 85% das despesas com a folha de pagamento, de R$ 30 mil.

"Infelizmente, a prefeitura não está cumprindo o acordo", afirmou Cláudia de Paula Wolf, presidente da entidade, que atende 75 crianças.

De acordo com ela, na próxima segunda-feira (27) uma reunião definirá se a Sonho Real continuará a receber as crianças pelo convênio.

"Não tem como manter a creche com conversa mole", disse Amleto Belloni Neto, presidente da creche Nave da Saudade, no Jardim Zara.

No ano que vem, a entidade prevê atender somente crianças de até quatro anos de idade por meio do convênio. Hoje, são atendidas 85 crianças em idade de creche, e outras 190 na pré-escola.

Com a decisão das entidades, pais deverão enfrentar ainda mais dificuldades para encontrar vagas, como a dona de casa Miriam Messias de Sousa, 26.

Ela disse que pediu demissão porque não conseguiu vaga para a filha, de dois anos– ela tenta matricular a criança desde os seis meses.

SEM REAJUSTE

As entidades também reclamam da falta de reajuste dos valores pagos por criança, que estão defasados, segundo Gumiero.

Há três anos, a Prefeitura de Ribeirão Preto paga R$ 210 por criança em idade de creche e R$ 136,50, para as de idade pré-escolar.

O valor ideal, de acordo com Gumiero, seria de R$ 300. "As entidades têm dificuldade de recompor as diferenças salariais dos professores", afirmou.


Endereço da página: