Enquanto cidades da região têm dificuldade para encontrar água para captação, a Prefeitura de Ribeirão Preto (a 313 km de São Paulo) está deixando moradores das quatro regiões do município sem água por problemas na rede de distribuição. Há bairro com falta d'água há 15 dias.
Segundo o Daerp (Departamento de Água e Esgotos de Ribeirão Preto), como a água que abastece a cidade é do aquífero Guarani, não há problema de captação.
Para o departamento, o desabastecimento nos últimos dias se deve à quebra de bombas em dois poços, que já foram substituídas. No entanto, segundo os moradores, o desabastecimento ocorre há pelo menos um mês.
No Jardim Paiva, na zona oeste, moradores disseram estar há 15 dias sem água da rede.
O problema é tão grave ao ponto de o Daerp fazer a distribuição por meio de caminhões-pipa, que abastecem caixas d'água e tanques.
A comerciante Marina da Silva, 45, mora há sete anos no bairro e disse que sempre houve problema de falta de água, agravada nos últimos 15 dias.
"Antes a gente ficava no máximo um dia sem água."
Ela tem três caixas d'água, que foram abastecidas nos últimos dias pelos caminhões, e usa a água da piscina de casa para lavar louça.
"Uso água das caixas para tomar banho e para fazer comida. É tudo no improviso, banho é só de bacia." Na tarde desta sexta (17), ela ainda estava sem água na torneira.
| Edson Silva/Folhapress | ||
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| A comerciante Marina da Silva armazena água no Jardim Paiva 2, em Ribeirão Preto |
Ainda na zona oeste, os moradores do bairro Emir Garcia disseram que a água começou a faltar há cerca de dois meses. Inicialmente, apenas aos finais de semana e, agora, todos os dias.
Moradora da Vila Seixas, próximo ao centro, a advogada Sandra Maria da Silva, 40, disse que ficou sem água na quarta (15) e quinta (16). Nesta sexta, a água voltou, mas com pouca pressão.
Na zona sul, no bairro Alto da Boa Vista, os moradores disseram ter problemas de abastecimento há um mês.
A administradora Carolina Arantes, 32, disse que abastece baldes de água após a meia-noite, quando o fornecimento é retomado.
"Faz um mês que não lavo roupa em casa. Para beber, dependo do fornecimento de um posto [de combustíveis]", afirmou.
No centro, moradores da rua Álvares Cabral ficaram sem água na tarde desta quinta-feira. Sem nenhum aviso do Daerp, ao final do dia, descobriram que as caixas d'água estavam vazias.
O bairro Leo Gomes, na zona norte, também enfrenta interrupções quase que diárias.
No início de setembro, o Daerp já havia reduzido a pressão da água lançada na rede para "forçar" a população a diminuir o consumo.
Para Antônio Giansante, professor de infraestrutura urbana do Mackenzie, o aumento no consumo pode sobrecarregar a rede de distribuição.
No entanto ele afirmou que o poder público precisa ter planejamento e estar preparado para esse período.