Bebedouro (a 381 km de São Paulo), que recebeu este nome por causa do córrego que servia aos animais e tropeiros que seguiam de São Paulo para Minas Gerais e Goiás no século 19, enfrenta neste ano a pior estiagem da sua história.
O município, que já foi sinônimo de abundância hídrica, adotou, por duas vezes neste ano, racionamento de água. Desde o último dia 22, os 77,5 mil moradores convivem com o corte da água das 10h às 16h, todos os dias.
O racionamento já havia sido adotado em fevereiro.
| Edson Silva /Folhapress | ||
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| Córrego Bebedouro, que deu nome à cidade e que registra menor nível de água da história |
Formado pelos córregos da Consulta e do Retiro, o Bebedouro está quase seco. Isso porque 70% da água que abastece a cidade é captada nos dois primeiros riachos. Por causa da seca, eles já baixaram cerca de 40 centímetros.
O reservatório do município, que recebe a água dos dois riachos, tem ficado com o nível 75% abaixo do normal.
Gilmar Feltrin, diretor do Saaeb (Serviço Autônomo de Água e Esgoto de Bebedouro), disse que a situação nunca foi tão crítica. Bebedouro está sem chuva desde julho, segundo a Defesa Civil.
CONSUMO
Além da estiagem, que afetou a vazão dos córregos, Feltrin disse que o alto consumo da população também colaborou para a situação atual.
Em Bebedouro, o consumo de água por dia passa de 210 litros por habitante. De acordo com a Saaeb, o nível ideal seria de 180 litros diários.
Para reduzir o consumo, desde abril a cidade passou a multar em R$ 50 o desperdício de água. "O Estado todo está em crise hídrica. Não há o que a gente possa fazer, temos de torcer pela chuva."
Segundo Ricardo Costa, pesquisador da origem de Bebedouro, os tropeiros atraíram comerciantes de Jaboticabal, que se instalaram nas margens do córrego e iniciaram a formação do município.
"A cidade nasceu por causa desse córrego, que os viajantes chamavam de bebedouro", disse Costa. "Ele é a origem da nossa cidade e está quase sumindo."