Folha de S. Paulo


Sem médicos e com atrasos, UPAs são investigadas na região de Ribeirão Preto

A falta de funcionamento de UPAs (Unidades de Pronto-Atendimento) em cidades da região de Ribeirão Preto (a 313 km de São Paulo) se tornou alvo de investigações da Promotoria.

Os problemas acontecem por motivos que vão desde a falta de médicos à não inauguração de unidades, contrariando a previsão dada por administrações municipais.

Em Barretos (a 423 km de São Paulo), o MPF (Ministério Público Federal) instaurou inquérito civil para apurar os motivos do não funcionamento da UPA, que ficou pronta em 2012 e ainda não foi inaugurada.

Em dezembro do ano passado o governo foi autorizado pelo Ministério da Saúde a receber uma verba no valor de R$ 756 mil para a compra dos equipamentos.

Além de questionar se a prefeitura recebeu a verba, o MPF também apura os motivos da falta de funcionamento da unidade e a regularidade de sua construção.

Já em Araraquara (a 273 km de São Paulo), a Promotoria acompanha o atendimento parcial feito na unidade da Vila Xavier.

Desde o último dia 8, os atendimentos são redirecionados à UPA Central por falta de médicos. Um aviso foi fixado na entrada. A cidade, de 200 mil habitantes, conta com as duas unidades para atender os casos de urgência e emergência.

A promotora Renata Giantomasse Gomes, da Saúde Pública, informou que aguarda um dossiê a ser entregue pelo Sismar (Sindicato dos Servidores Municipais de Araraquara e Região).

Edson Siva/Folhapress
Pacientes aguardam atendimento na UPA Central, em Araraquara, nesta terça-feira (19)
Pacientes aguardam atendimento na UPA Central, em Araraquara, nesta terça-feira (19)

"Precisamos de equipes multiprofissionais e de médicos. A população está revoltada", disse Izaías Ambrósio da Silva, membro do Conselho Municipal da Saúde.

No último dia 16, a superlotação da UPA Central fez com que pacientes invadissem áreas restritas da unidade e houve a ameaça de agressão contra os profissionais.

Segundo Silva, o conselho deverá se reunir em reunião extraordinária nesta quarta-feira (20) para definir quais medidas serão adotadas.

Após a inauguração das duas UPAs, o governo do prefeito Marcelo Barbieri (PMDB) fechou outras duas unidades de emergência, além de outras duas salas de estabilização, nos bairros Selmi Dei e Vale do Sol, que faziam os atendimentos.

A construção da UPA de Bebedouro (a 381 km de São Paulo) também é investigada pelo Ministério Público Estadual. A Polícia Civil já indiciou três pessoas por fraude nos pagamentos à construtora responsável. A prefeitura teria pago por 76,6% da obra, mas apenas 40,3% foram entregues.

A prefeitura tenta prorrogar a entrega, que seria em setembro, para não ter que devolver verba à União.

Outras UPAs estão prontas, em São Carlos (a 232 km de São Paulo) e Franca (a 400 km de São Paulo), mas ainda não são usadas. Nos dois casos, não há investigação em andamento.


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