Folha de S. Paulo


Greve provoca transtornos na volta às aulas na USP de Ribeirão Preto

A greve dos funcionários administrativos da USP Ribeirão Preto (313 km de São Paulo), que já dura 70 dias, gerou transtornos para os alunos na volta às aulas nesta segunda-feira (4).

Os estudantes enfrentaram bloqueio do trânsito dentro do campus e encontraram a biblioteca, o restaurante universitário e alguns laboratórios de portas fechadas.

As aulas de anatomia do curso de medicina, por exemplo, foram suspensas desde maio porque os técnicos do laboratório aderiram ao movimento. Não há prazo para a reposição das aulas.

Edson Silva/Folhapress
Funcionários e sindicalistas durante aula a céu aberto em frente à Faculdade de Medicina
Funcionários e sindicalistas durante aula a céu aberto em frente à Faculdade de Medicina nesta segunda

"Estamos sem nota na disciplina e sem aprendizado, e não sabemos quando essas aulas serão repostas, provavelmente nas férias de final de ano", disse Lucio Trazzi, 27, aluno do primeiro ano do curso de medicina.

Já alunos da pós-graduação afirmam ter tido dificuldades para manter as pesquisas devido a alteração do horário de retirada dos animais no biotério, local onde são mantidos os animais usados em estudos.

A distribuição dos animais, que antes ocorria diariamente, agora só é feita uma vez por semana.

Na última quinta-feira (31), dia de uso do biotério, o acesso por carro foi bloqueado pelos grevistas.

"Os estudantes tiveram que ir buscá-los [animais] a pé, correndo o risco de ter alterações nas pesquisas porque eles exigem cuidados especiais", disse a aluna de pós-graduação em biologia, Juliana Hori, 32.

Claudimar Amaro, diretor da APG (Associação dos Pós-Graduandos), afirmou que a situação se agravou desde maio e que a associação pode voltar a discutir a possibilidade de também entrar em greve, caso a reitoria não tome providências.

"Os problemas da USP são graves e entendemos os motivos da greve. Os pós-graduandos estão tentando minimizar os problemas e manter os trabalhos, mas fica cada vez mais difícil", disse.

Em nota, a reitoria da USP confirmou a suspensão das aulas de anatomia por causa da greve e informou que a reposição será definida após o fim da paralisação.

Ainda de acordo com a nota, não houve prejuízo aos alunos porque as disciplinas não são pré-requisito para as que devem ser cursadas no segundo semestre.

ESTADUAIS PARADAS

Os trabalhadores das três universidades estaduais (Unesp, Unicamp e USP) entraram em greve no dia 27 de maio, contrários à proposta dos reitores de não conceder reajuste salarial à categoria.

O reajuste pedido por eles é de 9,78%. Os servidores, tradicionalmente, recebem aumento nos salários em maio –em 2013 foi de 5,39%.

O bloqueio em frente à faculdade de medicina impediu a passagem de carros por cerca de duas horas.

No local, os grevistas organizaram uma aula pública para "conscientizar" os estudantes sobre a greve.


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