Folha de S. Paulo


Programa anti-crack recebe arma de choque em Ribeirão Preto

A Guarda Civil de Ribeirão Preto (313 km de São Paulo) recebeu do governo federal cem armas de choque e 300 sprays de pimenta para serem usados no programa Crack, É Possível Vencer.

Profissionais da saúde e integrantes da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) questionaram o uso dos materiais no tratamento de um problema que é considerado das áreas da saúde e da assistência social.

O superintendente da GCM (Guarda Civil Municipal), André Tavares, disse que as armas e os sprays serão usados em indivíduos que forem pegos cometendo crimes e demonstrarem resistência, sendo viciado em crack ou não.

Para o presidente da comissão de direitos humanos da OAB, Anderson Polverel, só investimento na repressão não resolve o problema.

"É necessário investimentos no ser humano. Criar redes de tratamento em várias fases. Apenas desintoxicar o dependente não basta."

Os materiais ainda não estão sendo usados. Além das armas consideradas não letais, a GCM recebeu também veículos e aguarda a chegada de dois micro-ônibus nesta terça-feira (29).

Houve ainda curso de capacitação. Segundo Tavares, neste curso discutiu-se como deve ser feita a abordagem de pessoas sob o efeito do crack.

"A Guarda Municipal deve fazer a segurança do profissional de saúde que irá abordar a pessoa", disse.

Edson Silva - 18.dez.2013/Folhapress
Usuário de crack prepara cachimbo para fumar a droga
Usuário de crack prepara cachimbo para fumar a droga

Para o responsável pelo ambulatório de álcool e drogas da unidade do HC (Hospital das Clínicas) da USP Ribeirão Preto, Erikson Felipe Furtado, esse repasse abre a discussão sobre onde recursos para combater o crack devem ser realmente investidos.

Para ele, o investimento deve ser direcionado em ações profissionais, capacitadas e permanentes que envolvem a saúde e a situação social dos viciados.

"No ambulatório, nunca tivemos nenhuma necessidade de medida de segurança", afirmou Furtado.

Conforme ele, o tratamento direcionado às famílias dos viciados pode surtir resultados positivos.

"Se nós tivéssemos uma retaguarda da prefeitura, por exemplo, para fazer esse trabalho com as famílias, já ajudaria bastante."

De acordo com a assessoria da prefeitura, a Secretaria de Saúde está buscando ampliar a parceria com o governo federal no repasse de verbas para que o CAPS 2 (Centro de Atenção Psicossocial/Infantil) funcione 24 horas por dia.


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